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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Fernando Pessoa online com o duo João Bueno

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Pílulas existenciais de Pessoa e seus heterônimos animam o espetáculo "Fernando Pessoa e a Música Voa", com Luiz Bueno e João Signorelli Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Envolvido há anos com a história de Mohandas K. "Mahatma" Gandhi (1869-1948), na peça "Gandhi - Um Líder Servidor", o ator(zaço) João Signorelli, um veterano dos palcos e da TV, vai depositar todo seu talento, nesta segunda, na tabacaria existencial de Fernando Pessoa (1888-1935). Ele e o músico Luiz Bueno (do duo Duofel) vão transformar em espetáculo a poética do autor de "Mensagem" (1934) e seus heterônimos na montagem "Fernando Pessoa e a Música Voa". O texto é de Miguel Filliage e a direção é do (genial) ator Carlos Meceni. A encenação vai ser realizada neste 21 de junho, às 20h30, no canal do Centro Cultural Midrash no YouTube. "Podemos esperar uma leitura diferente de um texto teatral, com música criada na hora, no fluxo, a partir da fala minha para os versos do Fernando Pessoa, e da melodia que o Luiz Bueno cria na hora", diz Signorelli. "Como poeta, Pessoa simboliza um conhecedor profundo da alma humana. São tantos poemas que gosto dele, como 'O Guardador de Rebanhos', que ele assina como Alberto Caieiro". Versos como "Conhece o vento e o sol/ E anda pela mão das Estações/ A seguir e a olhar./ Toda a paz da Natureza sem gente/ Vem sentar-se a meu lado./ Mas eu fico triste como um pôr de sol/ Para a nossa imaginação,/ Quando esfria no fundo da planície/ E se sente a noite entrada/ Como uma borboleta pela janela./ Mas a minha tristeza é sossego/ Porque é natural e justa..." hão de ganhar um toque brasileiríssimo de lirismo nos acordes de Bueno e na saliva de Signorelli. Semanalmente, nas redes sociais, os dois fazem micro performances citando escritores e poetas. "A gente faz um trabalho desde outubro do ano passado, que se chama 'Pílulas Reflexivas'. Toda semana a gente grava um texto, um pequeno poema, faz uma música na hora, grava e manda pro ar... A gente posta todos os sábados, às vezes durante o dia, às vezes à meia-noite", explica Signorelli. "Bueno tem um trabalho no Instagram que chama 'Cafezinho na Padoca'. Ele tinha um estúdio do lado de uma padaria e ele tinha esse hábito de ir lá, todos os dias, tomar um café e conversar com as pessoas. Com a pandemia, ele abriu isso para o online. Lá eu tenho um quadro fixo, no qual comento duas ou três notícias que aconteceram na semana". Desde que a covid-19 começou, Bueno e Signorelli só fazem nos presentear de invenção, numa narrativa híbrida de teatro e música, das mais potentes.

p.s.: O .doc "A Última Floresta", estudo de Luiz Bolognesi sobre a resiliência dos povos originários do Brasil, a partir das ideias do xamã Davi Kopenawa, acaba de conquistar o prêmio de júri popular do Festival de Berlim, dado neste domingo, no encerramento da versão presencial do evento.

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