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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

'Elvis' dribla clichês num rito pop

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Austin Butler foge da imitação ao recriar a trajetória do Rei do Rock Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Há uma pergunta que injeta humanidade nas duas horas e 30 minutos de esplendor técnico do "Elvis", de Baz Luhrmann: "É nossa culpa que o mundo tenha mudado?". É uma questão trazida pelo coronel Tom Parker, empresário (e, como o roteiro sugere, nêmese histórico) de Elvis Presley ao longo dos anos 1960, ao ver a beatlemania, o avanço dos protestos antirracistas de Martin Luther King, o Vietnã e outras mudanças planeta adentro. Essa dúvida é um sinal de preocupação de Parker acerca do futuro de sua galinha dos ovos de ouro. Afinal, o que fazer para preservar sua relevâncoa numa cultura pop em que ele pode soar irrelevante? É essa inquietação que move Parker, vivido por um soturno Tom Hanks, intenso qual o Salieri de "Amadeus" (1984), ao longo do espetáculo plástico que o diretor australiano Baz Luhrmann trouxe à reta final de Cannes. Seu Elvis, Austin Butler, está radiante em cena, sem o fardo de mimetizar o Rei do Rock. O que lhe importa é o "mood" Presley, seu espírito, como fez Rami Malek em "Bohemian Rhapsody", em (2018). Não é um cinema de psicografia. É recriação. E quem mais brilha nesse processo é o próprio Luhrmann, que aplica os procedimentos irriquietos de sua obra-prima, "Moulin Rouge" (2001) a essa esperada biopic, reforçando sua identidade autoral. O que sai desse procedimento é um filme avassalador, que contagia a plateia com seu ritmo nervoso. Um espetáculo cheio de som, de fúria e de rastreio políticos.

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