Son of Saul, de Lázsló Nemes: Ganhador do Grande Prêmio do Júri em Cannes, onde levou também a láurea da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica, esta produção húngara desponta em TODAS as listas de potenciais candidatos ao Oscar 2016 (de melhor filme estrangeiro e melhor direção) com seu olhar sobre o Holocausto. Sua estrutura narrativa nauseante, na qual a câmera parece estar mimetizada no corpo de seu protagonista, dá uma nova gradação aos relatos sobre os expurgos nazistas. Géza Röhrig tem uma autuação magistral na pele de Saul, um Sonderkommando (termo usado para definir judeus obrigados pelos nazistas a trabalhar nos campos de concentração).Em meio a seus afazeres em um forno crematório, ele encontra o cadáver de um menino que assume como seu filho e decide dar àquele corpo um enterro justo.
O Botão de Pérola, de Patrício Guzmán: No apogeu de sua estética documental, o cineasta chileno mergulha nas profundezas dos mar para desencavar vestígios de vítimas da ditadura militar em seu país. Ganhou o prêmio de melhor roteiro e a láurea do Júri Ecumênico no Festival de Berlim;
O Prefeito, de Bruno Safadi: Dos escombros da Perimetral, o diretor de Éden (2012) erigiu uma comédia seminal com o apoio do comediante Nizo Neto, que se reinventa como ator. É uma alegoria sobre os desgovernos do Rio a partir da saga de um alcaide que deseja decretar a Cidade Maravilhosa como um território autônomo do resto do Brasil;
Dheepan - O Refúgio, de Jacques Audiard: Depois de O Profeta (2009) e de Ferrugem e Osso (2012), o diretor francês segue sua rota rumo ao miocárdio do banditismo (como sintoma social da exclusão) e avança para o terreno dos fluxos migratórios oriundos da Ásia, assumindo como foco o destino de um guerrilheiro do Sri Lanka em luta para sobreviver nas periferias mais violentas de Paris. Com um timming para a adrenalina de botar qualquer bom Stallone no chinelo, sem jamais descuidar de suas reflexões, Audiard subverte todos os clichês sociológicos ao colocar um bárbaro no lugar onde habitualmente o cinema escala cordeirinhos mansos. Merecidíssima Palma de Ouro em Cannes.
Ryuzo e Seus Sete Capangas, de Takeshi Kitano: Saltimbanco samurai, o mestre japonês se supera em sua ironia ao narrar um encontro entre anciões que um dia foram da Yakuza mas não desaprenderam as artes de matar. Forçados a combate, os velhinhos para a briga, num thriller de ação e humor com a histeria gráfica típica do diretor de Hana-Bi.
p.s.: Quem ainda não teve tempo para ver A Colina Escarlate (Crimson Peak), do mexicano metido a nerd de Hollywood Guillermo Del Toro, deve colocar o filme como prioridade. Isso, é claro, se você não tive intolerância a coágulos derramados. É um exercício de vitalidade narrativa em seu diálogo com os cânones do horror, dialogando com a tradição dos filmes de fantasma e atualizando-os. Ponto para Tom Hiddleston, o Loki de Os Vingadores, que rouba a cena na pele de um inventor cheio de pecados.
p.s.2: Confere este trailer aqui que, no Oscar, a gente volta a falar dele. Vai por mim...