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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Dez atrações imperdíveis com o selo pop (e traços autorais) do Festival do Rio 2015

Vai ser dada a largada para o Festival do Rio 2015: nesta quinta-feira, com a projeção de Chico - Artista Brasileiro, de Miguel Faria Jr., no Odeon, a maratona cinéfila parte para dentro das retinas e dos corações do público. São 250 filmes de 60 países. Aqui nesta lista, você vai encontrar dez imperdíveis. Confira:

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Mr. Holmes, de Bill Condon Foto: Estadão

  1. Mr. Holmes, de Bill Condon: No auge de sua maturidade, sir Ian McKellen brinca de ser o detetive mais famoso da Inglaterra numa trama que brinca com a fabulação literária e com a paranoia causada pela correção política. Aos 93 anos, Sherlock Holmes cansa de ver sua imagem caricaturada pelo cinema e resolve investigar um mistério do passado. Isso se sua memória deixar. A fotografia de Tobias A. Schliessler é uma aula de requinte visual;

 

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  1. Green Room, de Jeremy Saulnier: Cannes, em sua Quinzena dos Realizadores, rendeu-se a este thriller sangrento sobre uma banda punk capturada em uma célula neonazista. O ritmo frenético é galvanizado pela participação de Patrick Stewart, o eterno Professor Xavier de X-Men, como aspirante a Hitler. Anton Yelchin interpreta um dos músicos acossados por uma horda sedenta de sangue, nesta produção premiada no Festival de Neuchâtel, na Suíça, e eleito pelo público do Festival de Toronto um dos melhores do evento canadense em 2015;

 

  1. Paulina, de Satiago Mitre: Sensação da Semana da Crítica do Festival de Cannes, na qual papou prêmios e aplausos, este thriller social argentino do diretor de O Estudante (2011) eletriza nervos e tira músculos marxistas da atrofia. Refilmagem do cult La Patota (1960), de Daniel Tinayre, põe a morena Dolores Fonzi (uma atriz com "A") na pele de uma advogada que, em nome de ideologias, troca o Direito pela docência, indo lecionar nos cafundós mais pobres de seu país. Mas lá, um estupro vai mudar sua vida ... e os rumos do longa-metragem, empurrando por uma trilha crítica de debate da corrupção na América Latina;

A Frente Fria Que a Chuva Traz, de Neville D'Almeida Foto: Estadão

  1. A Frente Fria Que a Chuva Traz, de Neville d'Almeida: É inexplicável o fato de a curadoria da Première Brasil não ter reconhecido a importância de o diretor de A Dama do Lotação (1977) estar de volta às telas, depois de um hiato de 18 anos, e ter descartado esta pedra preciosa de sua seleção competitiva. Mesmo relegado a uma sessão hors-concours, esta adaptação da peça homônima de Mario Bortolotto (que está no elenco) repagina a cartilha do filão favela movie em um ensaio sobre a cafetinização da pobreza. Chay Suede e Johnny Massaro são dois playboys que alugam uma laje no morro para uma festa, que vai acabar em tragédia. A fotografia de Kika Cunha é um deslumbre;

 

  1. James Brown: Mr. Dynamite, de Alex Gibney: Entre o ensaio poético e o jornalismo musical, apoiando-se em imagens de arquivo inéditos, esta produção recente do documentarista ganhador do Oscar por Um Táxi Para a Escuridão (2007) desbrava o lado C (de complexo) do cantor James Brown (1933-2006), indo além de polêmicas. Gibney parte do lançamento da canção Please, Please, Please, em 1956, para escarafunchar os fatos mais marcantes da carreira deste ícone do soul;

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  1. A Morte de J. P. Cuenca, de João Paulo Cuenca: Com uma maturidade na construção (e na condução) de planos surpreendente para um cineasta iniciante, o autor de O Dia Mastroianni mostra que escrever é apenas um de seus muitos talentos neste filme de tintas metalinguísticas. De uma aridez à moda romena, sua narrativa põe Cuenca como ator de si mesmo, investigando a aparição de um cadáver com seu nome.

O Final da Turnê, com Jesse Eisenberg e Jason Segel Foto: Estadão

  1. O Final da Turnê, de James Ponsoldt: Título obrigatório para estudantes de Jornalismo, este drama com momentos tocantes recria com licença poética e bom humor a entrevista realizada em 1996 pelo jornalista da Rolling Stone David Lipsky com o escritor David Foster Wallace, quando este lançou Graça Infinita. A recriação galga instantes de magia pela leveza com que os atores Jessé Eisenberg (na pele de Lipsky) e Jason Segel (sublime no papel de Wallace) revivem as ansiedades culturais dos anos 1990;

 

  1. Ruth & Alex, de Richard Loncraine: Realizador do memorável Ricardo III (1995), uma releitura nazi da peça de Shakesperare com Ian McKellen, o cineasta inglês Richard Loncraine sai do estado letárgico ao qual foi confinado em sua importação por Hollywood e se reinventa nesta drama romântica com dois titãs de terceira idade. Com base no livro Heroic Measures, de Jill Ciment, a trama põe Morgan Freeman e Diane Keaton como um casal de amor longevo cuja paixão é posta à prova quando os dois põe seu apartamento em Nova York à venda. É uma narrativa doce, sem quebra-molas experimentais, mas de poesia nos diálogos;

 

  1. Stop, de Kim Ki-Duk: Não há filme do mais prolífico dos cineastas coreanos da classe A (de autoral) que não seja capaz de nos surpreender por sua reflexão sobre formas de desencaixe existencial. Ganhador do Leão de Ouro veneziano de 2012 com Pietá, ele reafirma seu vigor narrativa com este mergulho nos traumas do envenenamento radioativo entre os asiáticos, calcado nas sequelas da bomba de Hiroshima. E aqui, Kim Ki-Duk está de passagem por um Japão folclórico, digno dos filmes sci-fi da Guerra Fria. Na trama, um casal que espera seu primeiro bebê é exposto a radiação após um desastre atômico. O governo espera que eles abortem. E essa paranoia vai levar os dois a um processo destrutivo.

O Incêndio: prova da excelência argetina Foto: Estadão

  1. O Incêndio, de Juan Schinitman: Aplaudido no Festival de Berlim, em fevereiro, este drama sobre neuroses pós-modernas mostra o vigor do cinema argentino quando o quesito é roteiro e o assunto são violências microscópicas do cotidiano (como as retratadas em Relatos Selvagens). Um casal sitiado entre caixas de uma troca de lar vai às raias da atomização quando o funcionário responsável pela mudança adia a retirada de seus pertences. Mais do que lavar roupa suja (afetiva), os dois, vividos por Pilar Gamboa e Juan Barberini, vai enxaguar almas sujas de ilusões.

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p.s.: Ok, é bizarro, mas pode ser uma experiência seminal rever Lua de Cristal (1990), de Tizuka Yamasaki, em tela grande, passados 25 anos de seu lançamento, e conferir como Sergio Mallandro se saía como herói romântico ao lado de Xuxa. Yeah! Yeah!

 

 

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