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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Coringa, o vilão do ano, em telas e bancas

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Na fotografia de Lawrence Sher, Gotham é âmbar e suada, como um filme de Sidney Lumet, pois todo dia é "Um dia de Cão" nessa metrópole que ainda não encontrou seu cruzado de capa, mas já tem um Palhaço do Crime para chamar de seu. É a Nova Hollywood traduzida na língua das HQs, no "'Apocalypse Now' das adaptações de histórias em quadrinhos", como definiu-se no Lido. Um filme gigante, com um ator de talento GG. A conquista do Leão serve, ao mesmo tempo, como motivo de comemoração pela grande indústria, que teve seus méritos adultos reconhecidos, e como motivo de alarme diante do desgoverno institucional em que vivemos hoje. Rafael Sabatini (1875-1950), o autor de "Sacaramouche", dizia "nos tempos em o mundo se mostra louco, herói é aquele que mantém o senso de humor". Mas o humor do Coringa não é do tipo que pavimenta nada e, sim, algo que escancara a medida do abismo, daquela tal desaparição de Deus vista por Baudrillard como algo transparente. Transparente a tal ponto que a gente não enxerga. Há uma peça teatral brasileira de 2005, de Gerald Thomas, com Marco Nanini, que se chama "Circo de Rins e Fígados", na qual um funcionário público corre atrás de um sujeito chamado João Paradeiro. O nome em si indicava algo que existe para ser buscado... procurado continuamente, como um cachorro que corre atrás do próprio rabo, apenas pela agitação, apenas pela energia cinética do tumulto. Um tumulto que não inscreve em pedra, que desaparece no ar, mas que deixa traumas de assombro. Esse é o circo desse monumental Coringa de Phoenix... um circo que renasce nas cinzas da moral, na fogueira de uma ética que arde.

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