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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Conexão intercontinental MG - Ásia

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

RODRIGO FONSECA Um dos filmes brasileiros de melhor acolhida entre crítica e pública nestes dias de "Bacurau", o tenso thriller (se é que rótulos cabem) "No Coração do Mundo", dos irmãos Gabriel e Maurílio Martins, das Gerais, vai integrar a seleção competitiva do 41. Festival dos 3 Continentes, na França, que vai de 19 a 26 de novembro. Coprodução entre o canal e a Filmes de Plástico, o longa-metragem se passa em Contagem, cidade vizinha de Belo Horizonte, onde seus diretores cresceram, e narra a rotina de moradores dessa periferia. Em sua farpada trama, Marcos (Leo Pyrata) vive de pequenos delitos realizados em um bairro pobre de MG. A rotina do crime, no entanto, traz altos riscos e poucos benefícios, visto que ele não consegue planejar assaltos mais substanciais e valorosos. Ao reencontrar uma antiga parceira de trambiques, Selma (Grace Passô, brilhante), Marcos enxerga a possibilidade de tramar um roubo grandioso a um condomínio de luxo. Para isso, vai precisar convencer uma mulher ainda afeiçoada à retidão, Ana (Kelly Crifer), a participar da empreitada.

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Em seu cangote, na grade do evento transcontinental, "No coração do mundo" tem uma joia asiática que sacudiu ânimos na Berlinale, em fevereiro. Sua plateia saiu atônita de uma viagem à imensidão desértica da Mongólia em "Öndög", um dos mais possantes concorrentes ao Urso de Ouro de 2019. A fotografia de Aymerick Pilarski dá um tratamento digno de fantasia aos céus e à paisagem pedregosa de um deserto onde o corpo de uma jovem morta é encontrada pela polícia.

"Tão impressionante quanto os efeitos visuais que Aymerick cria é o fato de ele, ocidental, saber falar mandarim e dialogar com um chinês como eu sobre um universo geográfico muito singular", disse seu realizador, o chinês Wang Quan'an, ao P de Pop.

 Foto: Estadão

Em 2007, quando era um desconhecido, ele derrotou cineastas de peso que passaram pela Berlinale da época e levou o Urso para casa pelo tocante "O casamento de Tuya". Agora, ele tem uma poesia visual nas mãos que pode premiá-lo outra vez. "Öndög" é uma referência a dinossauro, um termo que os mongóis usam para se referir aos fósseis lá descobertos em espaços desolados como o da trama, na qual uma pastora cheia de autoconfiança vai seduzir um jovem policial incumbido de zelar pelo cadáver encontrado no meio do nada. A vigília dele será regada pela trilha sonora nada usual em seu telefone, indo de heavy metal a "Love me tender", na voz de Elvis Presley.

"Naquele ambiente isolado e perigoso, Elvis entra como um signo universal de humanidade e de beleza. É uma história sobre ultrapassar obstáculos", diz Wang, que fez a crítica se render a uma narrativa asiática pautada pela antropologia e pelo suspense. "O perigo está por todo canto num ambiente um cadáver nu aparece, sem razão, onde menos se espera".

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p.s.: Desde o bode Black Phillips, de "A Bruxa" (2005), o cinema de horror não via criatura com tanta vilania quanto a que reside no coração de Rose The Hat, vivida por Rebecca Ferguson em "Doutor Sono", um thriller sobrenatural e paranormal... iluminado. Que personagem... Que atriz...

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