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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Com um ano de atraso, novo filme de Jia Zhang-Ke chega ao Brasil confirmando a solidez desta montanha autoral

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
"As Montanhas Se Separam" Foto: Estadão
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Ao som de Go West, dos Pet Shop Boys, a China dos anos 1990 renasce na telona a partir de um triângulo amoroso entre Thao (Zhao Tao) e dois homens, um rico (Jinsheng) e um pobre (Liang). De 1999 a idos de 2025, as trajetórias dos três vão se emaranhar, até dar lugar aos conflitos internos do filho de Tao, Dollar (o ótimo Dong Zijang), que parte para a Austrália, falando inglês - a língua do "Oeste" cantado na canção dos PSB.

Como sempre, as incongruências sociais são o foco do diretor, que usa diferentes texturas de imagem para construir o visual do filme, incluindo granulações e efeitos de filtros coloridos que destorcem as cenas. Mas Jia vai além desse experimento formal, alcançando uma transcendência poética plena a evocação da cartilha do melodrama. A cena onde a mulher de Liang vai pedir ajuda financeira para Tao, ex-amada de seu marido, é de doer na alma pela observação que propicia da fraqueza humana frente à força do capital.

 

Jia ficou ainda mais conhecido no Brasil ao virar o tema de um documentário magistral de Walter Salles, O Homem de Fenyiang (2014), que é uma aula de investigação estética.

 

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