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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Cinemaison celebra o legado de Agnès Varda

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
A belga Agnès Varda (1928-2019) na coletiva do Festival de Berlim @Berlinale  Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca De luto pela morte de Agnès Varda (1928-2019), que partiu no dia 29 de março, o cinema luta para entorpecer a dor da ausência da realizadora de "Cléo das 5 às 7" (1962) revisando seus filmes ou preparando homenagens pelo conjunto de sua carreira: amanhã tem uma no Cine Maison, no Centro do Rio. Serão exibidos nesta segunda-feira, em uma projeção em 35mm, "Jacquot de Nantes" (1991), às 18h, e "Os renegados" (Leão de Ouro em Veneza, em 1985), às 20h. Nesta terça, às 19h, no mesmo local, a Maison de France, o Cineclube Curta Cinema estende o tributo à diretora belga, com a exbição de três curtas-metragens rodados por ela: "Tio Yanco" (1967), "Os Panteras Negras" (1968) e "Prazer amoroso no Irã" (1976). Na sequência,  as cineastas Anna Azevedo, Sabrina Fidalgo e Marina Fonte Pessanha (que também é curadora) vão conversar sobre a estética de Varda. Ela amamentou gerações de mulheres, dos anos 1950 até hoje, com o sentimento da afirmação do feminino bem antes de "empoderamento" se tornar a palavra da moda. Sua prolífica filmografia em curtas e longas (dirigiu 54 produções) começou a ser construída a partir de 1954, quando finalizou "La Point-Courte". Hoje, afirma-se que este é o filme-gênese do fluxo de modernização da arte audiovisual na França, que gerou a "Nova Onda" francófana nas telas, entre 1958 e 1970.

"Subjetividade e objetividade andam juntas no cinema: quanto mais livre para criar e soltar seu olhar lúdico, mais objetivo seu cinema será", disse Agnès em fevereiro, em sua passagem pelo 69º Festival de Berlim, onde lançou seu último filme, "Varda par Agnès", um misto de autorretrato e diário de viagem.

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Já lançado na França, o projeto é resultado das viagens que a cineasta fez pelo mundo durante o lançamento de "Visages, Villages", produção feita em parceria com o fotógrafo JR, laureada com o troféu L'Oeil d'Or, a Palma de Ouro dos documentários, em Cannes em 2017. Por esse exercício de reflexão da imagem, ela chegou a ser indicada ao Oscar, em 2018. Reestruturado para ser exibido na TV, como série, "Varda par Agnès" acompanha uma jornada dela de Paris até Los Angeles e, de lá, pra China, passando em regista 60 anos de imagens produzidas a partir de um instinto autoral. Estima-se que o Festival de Cannes (14 a 25 de maio) pretende homenageá-la.

p.s.: Não dá pra desgrudar de "Se eu fechar os olhos agora", minissérie da TV Globo escrita por Ricardo Linhares, inspirada no livraço de Edney Silvestre, cuja atmosfera, em sua recriação dos anos 1960, parece filme de Ettore Scola. É um "Nós que nos amávamos tanto" misturado com "O nome da rosa". Antonio Fagundes está arrasador em cena, assim como Mariana Ximenes. A edição valoriza os fluxos de pensamento dos personagens envolvidos na investigação do brutal assassinato de uma jovem na cidade São Miguel. Fagundes está atrás de provas que revelem o que levou a moça à morte, apoiado na curiosidade de dois meninos. A boa sacada da direção de Carlos Manga Jr. foi a sábia administração da narração em off, atribuída a Milton Gonçalves. Vi no GloboPlay, cinco de uma tacada. Mas, nesta segunda, a produção estreia na grade aberta da Globo, às 22h20, antes da "Tela Quente", que chega fervendo, a mil, com Vin Diesel e seu "XXX: Reativado" (2017).

p.s.2: Pelo segundo fim de semana consecutivo, "Shazam!" está na cabeças das bilheterias dos EUA: já faturou US$ 221 milhões.

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p.s.3: "Superação: Milagre da fé" ("Breakthrough"), de Roxann Dawson, baseado em fatos reais, vem sendo aplaudido por plateias lotadas no Brasil, para além de sua retórica calcada no Evangelho: trata-se de "cinema parábola", ou seja, um filão de doutrina, mas feito com um esmero narrativo invejável. Topher Grace esbanja maturidade na pele de um pastor cheio de ideais moderninhos que ajuda uma fiel (a brilhante Chrissy Metz) a lidar com a convalescência de seu filho. Roteiro impecável.Estreia nos Estados Unidos nesta Semana Santa.

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