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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Chiara Mastroianni, a dinastia da elegância

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

RODRIGO FONSECA Integrante do júri do 18º Festival de Marrkech, que começa esta noite no Marrocos, com a projeção de "Entre Facas e Segredos", Chiara Charlotte Mastroianni vai ter, a partir de sábado, uma semana de imersão no cinema autoral, ao lado de colegas como o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho e a atriz londrina Tilda Swinton, a presidenta no trabalho de avaliação dos 14 longas-metragens em concurso no evento. Ao 47 anos, a filha de Catherine Deneuve e Marcello Mastroianni (1924-1996) está vivendo uma fase de apogeu profissional, coroada por seu compromisso com a nata de artistas escalada para julgar os concorrentes marroquino - entre eles está "A febre", da carioca Maya Da-Rin. Em maio deste ano, a diretora libanesa Nadine Labaki deu à estrela franco-italiana o prêmio de melhor interpretação da seção Un Certain Regard do Festival de Cannes, pela comédia romântica "Quarto 212" ("On a Magical Night"/ "Chambre 212"), de seu amigo Christophe Honoré. "Foi o primeiro primeiro da minha vida", derramou-se Chiara, no palco da Croisette, minutos antes de Karim Aïnouz ganhar a láurea principal da mesma mostra, com seu tocante "A Vida Invisível". Foi uma consagração tardia para alguém que, desde 1993, é uma operária padrão das telonas. "Tenho sempre o empenho de dar um toque de contemporaneidade às histórias que eu ajudo a contar, tentando enxergar qualquer narrativa sob o prisma das inquietações do nosso tempo. O cinema francês produz muito e me dá essa chance de atravessar estéticas muito diferentes, diz Chiara, que volta em 2020 ao circuito de seu país com "La fille au bracelete", de Stéphane Demoustier, com estreia marcada para fevereiro. Elogiada em filmes recentes como "Bastardos" (2013), de Claire Denis, e "3 corações" (2014), de Benoît Jacquot, ela tem o melhor desempenho de sua carreira na "dramédia" de Honoré, já confirmada na seleção do Festival do Rio (9 a 19 de dezembro). A trama fala sobre uma advogada que resolve encerrar 25 anos de casamento indo morar em um hotel, onde observa os passos de seu ex. Mas o querer é um verbo manhoso: algo mágico pode reaproxima-los. A magia em questão: ela acorda e encontra um rapaz de 20 e poucos anos em sua cama. Porém, percebe que ele é a cara de seu maridão quando jovem. E a aparência não é um engano e, sim, um feitiço do Tempo. "Christophe acredita no querer e dedica a ele um tempo que não temos mais", disse Chiara ao P de Pop, em Cannes.

Vitaminado pelo sucesso da edição de 2018, quando homenageou Robert De Niro e Agnès Varda (1928-2019), Marrakech hoje se candidata ao posto de principal festival de cinema da África - e um dos maiores do mundo. Em seu cardápio de número 18, começando nesta sexta, a seleção competitiva de longas traz as seguntes atrações: "Dente de leite" ("Babyteeth", Austrália), de Shannon Murphy; "Bombay Rose" (Índia), de Gitanjali Rao; "A febre" (Brasil), de Maya Da-Rin; "Last visit" (Arábia Saudita), de Abdulmohsen Aldhabaan; "Lynn + Lucy" (Reino Unido), de Fyzal Boulifa; "Mamonga" (Sérvia, Bósnia Herzegovina, Montenegro), de Stefan Malesevic; "Mickey and the Bear" (EUA), de Annabelle Attanasio; "Mosaic Portrait" (China), de Zhai Yixiang; "Nafi's father" (Senegal), de Mamadou Dia; "Scattered night" (Coreia do Sul), de Lee Joh-young; "Sole" (Itália, Polônia), de Carlo Sironi); "Tlamess" (Tunísia), de Ala Eddine Slim; "The unknown saint" (Marrocos), de Alaa Eddine Aljem; e "Tantas almas" (Colômbia, Brasil), de Nicolás Rincón Gille. Estrelas como Marion Cotillard, Naomi Watts e Harvey Keitel vão passar pelo evento, que tem na celebração da memória de Robert Redford seu principal chamariz: o ator e diretor de 83 anos vai ganhar uma homenagem por sua trajetória artística. Uma das principais atrações vai ser a exibição da animação chinesa "Nº 7 Cherry Lane", que deu ao cineasta Yonfan o prêmio de melhor roteiro em Veneza. O longa constrói um panorama da China da Revolução Cultural a partir de uma história de amor.

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