PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Mais um round para a Cavídeo

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Carlos Vinícius, o Cavi, é o Karate Kid do cinema nacional, responsável pelo acervo de 25 mil DVDs da Cavídeo Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Coração cinéfilo do Rio de Janeiro, a Cavídeo, videolocadora com 22 anos que sobreviveu à degola do setor, voltou a pulsar esta semana de portas abertas, após quase quatro meses fechada, por conta da pandemia. Em seu acervo de 25 mil filmes, tem desde o melhor do curta-metragem pernambucano até .docs de mulheres que estão redesenhando o cinema nacional como Susanna Lira, Milena Manfredini e Emília Silveira. Quem cuida da casa é o Shang-Chi (referência ao super-herói marvete Mestre do Kung Fu) do nosso audiovisual: o cineasta, produtor e judoca Carlos Vinícius Borges, o Cavi. Quem quiser rever a pérola "Alma no olho" (1973), de Zózimo Bulbul, basta ir lá, na loja incrustrada na Cobal do Humaitá. O mesmo vale para quem busca os docs de Luiz Antônio Pilar, as investigações sobre traumas da ditadura de Lúcia Murat e gemas do horror de Rodrigo Aragão. Da produção estrangeira, o cardápio vai desde as experiências da belga Chantal Akerman com a fronteira entre fato e ficção até o insulamento lírico de Pedro Costa em "Cavalo Dinheiro" (2014).

"Vejo a Cavideo como uma espécie de filha, onde toda a minha vida nas telas começou, onde eu conheci todos os meus parceiros. Filho dá custo, filho dá trabalho, mas filho dá alegria. E isso se aplica para uma videolocadora. Existe uma empresa que é o espaço de locação, uma distribuidora e uma produtora. A Cavideo é útil pra sociedade, porque muita gente vai lá, atrás sobretudo de filmes nacionais que não estão no streaming. É um centro de pesquisa como uma filmoteca, onde as pessoas vão. Na 40ena, percebemos o quanto espaços assim fazem falta, pois o VoD não dá conta da demanda", diz Cavi, que inaugurou a loja em 17 de julho de 1997. Pra entrar lá, só de máscara, pois as medidas de segurança contra a Covid-19 são das mais rigorosas da cidade, passando pelo uso obrigatório de álcool gel e a oferta de luvas. Entregas a domicílio são feitas, de 15h às 17h, de modo a poupar sobretudo os sócios mais idosos, que não devem se expor. Mais do que uma loja, a Cavideo virou um espaço fomentador de mostras, de eventos e de pesquisa, mobilizando olhares de todo o Rio de Janeiro - e até de fora - em torno de filmes clássicos e cults. No auge da quarentena, Cavi promoveu o evento Cavídeo Online, em que exibius na web 21 filmes e ainda tocou o projeto documental 'Me Cuidem-se', com Bebeto Abrantes, sobre a vida na pandemia. Desde os anos 2000, a locadora organizou 450 retrospectivas. E de lá saiu o .doc "Cidade de Deus - Dez anos depois", hoje no catálogo da Netflix. "Nelson Pereira dos Santos foi um dos mestres do cinema que sempre estavam por lá e sempre incentivaram a gente", explica Cavi, representado por Sandra Maya no atendimento dos clientes e no cuidado com a Cavídeo.

 Foto: Estadão

p.s.: Time responsável pelo sucesso "Ad Astra", indicado ao Leão de Ouro de 2019, o diretor James Gray e o produtor Rodrigo Teixeira vão conversar sobre cinema neste sábado, às 19h, no instagram da RT Features, às 19h.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.