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'Capharnaüm': Palma para Nadine Labaki, pf

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Zein (Zain Alrafeea) e o bebê etíope Yonas (Treasure Bankole) lutam pela sobrevivência em "Capharnaüm", filme talhado para ganhar Cannes, o Oscar, o mundo Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca

Sorry, Spike Lee, apesar de todo o amor por seu "BlackKklansman", o coração de Cannes agora tem novo dono... ou melhor, dona: Nadine Labaki, diretora e atriz libanesa tem no visceral "Caphanaüm" um passaporte para a Palma de Ouro. Pode (e merece, não só por afinação com o pleito da sororidade, mas por potência estética) se tornar a segunda mulher, em 71 anos, a ganhar os cobiçados louros da Croisette: a única vencedora até hoje foi Jane Campion, da Nova Zelândia, com "O Piano". De uma dor incontornánvel, diluída apenas por rasgos de esperança em seu final perfumado de uma generosidade materna, o novo trabalho da diretora de "Caramelo" (2007) evoca Los Olvidados, Os Incompreendidos e Cidade de Deus numa linha favela movie de narrar ao acompanhar as razões que levam um garotinho de cerca de 12 anos ao tribunal. O que ele quer: processar seus pais porque lhe deram vida mas não foram capaz de tratá-lo como criança, de amá-lo, de respeitar suas carências. O guri, Zein (Zain Alrafeea), ganha a plateia de cara por sua malandragem. Mas leva a a gente no bolso quando se vê obrigado a cuidar do bebê etíope de uma imigrante ilegal que lhe oferece a mão em uma hora de miséria. Há uma defesa de tese clara no filme: é necessário ter maturidade na hora de ser ter um filho, pois não se deve parir Mateus sem ter quem o embale. Mas Nadine defende seu olhar com gana e poesia indo da fofura à tragédia, numa defesa da infância, da força feminina, da cultura negra e do amor. Merece palmas... palmas... a Palma. Spike deve levar o Grande Prêmio do Júri.

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