RODRIGO FONSECACarente de longas-metragens brasileiros e mirrada, no geral, da presença de hermanos nas raias da Palma de Ouro, o 70º Festival de Cannes (17 a 28 de maio) garimpou uma pepita política de um cineasta argentino que desponta como uma dos expoentes do continente: A Cordilheira, de Santiago Mitre. Escolhida para a mostra Um Certain Regard, cujo júri será presidido pela atriz Uma Thurman, esta produção é encarada como uma conexão latina em termos estéticos e éticos, por conjugar talentos e crises de toda a Pangeia ao longo de uma trama sobre deliberações de governo. E Ricardo Darín é um dos protagonistas. O trailer do filme acaba de ser lançado:
Ao lado de Darín, estão em cena, ao lado dele, atores do Chile (Paulina García, Alfredo Castro), do México (Daniel Giménez Cacho) e do Brasil (Leonardo Franco). Cogita-se ainda uma participação do astro americano Christian Slater, não confirmada por Mitre, que roteirizou dois filmes estrelados por Darín, ambos dirigidos por Pablo Trapero, com farta bilheteria na América do Sul: Elefante Branco (2012) e Abutres (2010). Neste enredo, Darín integra um conclave entre líderes políticos numa cúpula armada nos Andes. "Tenho feito filmes que alternam humor e dor, ressaltando a condição humana, entre fraquezas e potências", diz o ator, escalado por Mitre para viver um político com crise pessoal.
Revelado como realizador com o possante O Estudante (2011), Mitre ganhou o prêmio principal da Semana da Crítica, em 2015, com Paulina. Ele volta agora a Croisette com fôlego para surpreender Uma e os demais jurados. "Os presidentes ali presentes debatem a criação de uma empresa multinacional de hidrocarburetos. Pactos, alianças e discussões são apresentados no filme, num debate sobre a conformação desse projeto", explica Mitre. "Será que este projeto convém a todas as nações ali envolvidas? Tenho minhas dúvidas".