PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Cannes: Artesão do real no time de jurados de Cate Blanchett

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
"Todos lo Saben": Asghar Farhad, cineasta iraniano, dirige a espanhola Penélope Cruz e o argentino Ricardo Darin em drama rodado em Madri  Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Começou a festa cannoise edição n.71: entrou hoje em campo o time de jurados do festival mais prestigiado do cinema mundial. Presidido pela atriz australiana Cate Blanchett, o júri da Palma de Ouro reúne: a cantora e compositora Khadja Nin (Burundi),  duas atrizes (a francesa Léa Seydoux e a americana Kristen Stewart), a diretora Ava Duverney (dos EUA), os também realizadores Denis Villeneuve (Canadá), Andrey Zvyagintsev (Rússia) e Robert Guédiguian (França) e o ator chinês Chang Chen. O primeiro filme a ser julgado por eles veio de Madri, embora seja trazido pelas mãos iranianas de Asghar Farhadi: Todos Lo Saben. Tem temperos da Argentina e da Espanha nele, vide as estrelas Penélope Cruz, Ricardo DarínJavier Bardem, numa diversidade condizente com o rol de avaliadores chefiado por Cate. Mas um nome merece especial atenção: um artesão do realismo, de sobrenome Guédiguian. 

Robert Guédiguian: causas sociais na tela  Foto: Estadão

PUBLICIDADE

Dono de um histórico de filmes calcado na mistura entre fato e fabulação, filmando ficções nas raias cogito documental, ele é conhecido no Brasil por cults como Marie-Jo e Seus Dois Amores (2002) e Lady Jane (2008). Seu maior interesse narrativo, sempre de braços dados à sociologia, é falar sobre as mazelas dos pobres. Certa vez, o mestre Luiz Carlos Merten escreveu: "Guédiguian vive em Marselha com a mulher, a atriz Ariane Ascaride, e tem um grupo de amigos com os quais faz teatro e cinema. O grupo acredita na militância. Como o inglês Ken Loach, para citar outro exemplo, Guédiguian se define como de esquerda num mundo em que isso passa por anacronismo" A síntese é essa. Sua presença no júri pode favorecer filmes de tom social mais declarado como En Guerre, de Stéphane Brizé, ou BlackKklansman, o novo Spike Lee. Na coletiva dos jurados, ele buscou influências do maoismo ao dizer que a arte é um Tigre de Papel que precisa estar ao lado da sociedade e um passo à frente dela;

Nesta quarta, o maior cineasta americano em atividade, Martin Scorsese, vem a Cannes para receber um prêmio especial pelo conjunto de sua carreira, a Carroça de Ouro, dada na mostra Quinzena dos Realizadores, paralela à disputa oficial de prêmios. Aos 75 anos, o diretor de Taxi Driver (ganhador da Palma dourada de 1976) está finalizando um novo thriller de máfia: The Irishman, para a NetFlix, com seus velhos parceiros Robert De Niro e Joe Pesci. Ele fugiu da ilha de montagem apenas para receber a honraria cannoise. Logo após a homenagem, será exibido o aguardado Pájaros de Verano, ensaio metafísico de viés ameríndio sobre o tráfico de drogas na Colômbia com direção do casal Cristina Gallego e Ciro Guerra, o mesmo de O Abraço da Serpente.

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.