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'ADN': Maïwenn em seu apogeu

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Rodrigo Fonseca Cresce em San Sebastián - fofura em forma de cidade, no norte da Espanha - o bochicho de que a atriz e realizadora Maïwenn ganharia a Palma de Ouro de 2020 caso Cannes tivesse feito sua 73. edição de maneira presencial, sem abortá-la, como foi obrigada a fazer, pelo pico da primeira onda da covid-19. Seu "ADN" (a se chamar "DNA" entre nós) é tudo aquilo que a essencial mostra francesa espera de um bom filme, em especial um que venha de sua própria pátria. E, aqui, na Espanha, onde o P de Pop assiste a filmes de máscara, com risco zero de aglomeração, sob rígido protocolo de segurança, o novo trabalho da diretora de "Meu Rei" (2015) explode no gosto popular e no paladar da crítica como sendo iguaria fina. Laureada com o Prêmio do Júri cannoise de 2011 por "Políssia", a cineasta explora suas raízes argelinas em uma narrativa nas raias do melodrama, que equilibra o mel com doses fartas de um rascante alumbramento político. Na trama que escreveu com Mathieu Demy (filho de Agnès Varda e de Jacques Demy), ela é Neige, a combativa integrante de um clã de gênese na Argélia, que chora a morte de um avô amado por todos. Tradições e mágoas represadas colidem no primeiro hemisfério do filme, no qual o enterro é preparado. O segundo ato é a jornada de Neige para se assumir como argelina e entender de onde veio o homem tão querido que manteve seus parentes unidos e conectados a partir de práticas de amor a uma pátria com a qual a França mantém uma dívida. E nesses dois extremos, Louis Garrel entra luminoso como o amigo de toda hora que junta e cola os cacos do coração de Neige. E o faz com um humor singular.

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