Julia atomizou a frieza de um domingo gelado no papel de Astrid, uma comediante de stand-up queridíssima na Alemanha e que carrega em seu ventre um segundo filho. A primeira, de 9 anos, espera a chegada do bebê com a curiosidade de quem pode perder seu reino de afeto. Mas a notícia de que a criança nascerá com problemas de saúde grave desestabiliza Astrid e sua rotina profissional, transformando seu pacto com o riso num fardo. Estrela em solo germânico, Julia - que visitou o Brasil durante o Festival Internacional de Cinema de Brasília em 2005 e soltou o requebrado num pagode nos confins da capital do país - galga patamares mais altos em sua trajetória artística. Lembra a jovem Meryl Streep. E esta, para quem não sabe, é a chefona do júri berlinense de 2016.
Quem vem fazendo bonito por aqui também é o curta capixaba Das Águas Que Passam, única produção nacional em concurso no certame oficial de Berlim nesta edição.66. Trata-se de um mergulho (literal) na rotina de um pescador do interior do Espírito Santo, cujo dia a dia serve para o cineasta como mote de uma reflexão (de tintas quase cinemanovistas) sobre a invisibilidade.