Murilo Busolin Rodrigues
01 de abril de 2021 | 20h00
Feito às pressas e bastante criticado, mesmo antes do seu lançamento, o documentário sobre a vida de Karol Conká após a rejeição extrema no BBB está disponível no Globoplay em 4 curtos episódios.
Antes de iniciar minhas impressões sobre A Vida Depois do Tombo – o nome orna com a atmosfera amadora da produção –, é válido dizer que a própria apresentadora não teve voz ativa na finalização e narrativa do projeto.
Karol voltou pras redes sociais nas vésperas do documentário e afirmou estar superando a dor dia após dia. FOTO: Reprodução – Globoplay
Uma das diretoras do documentário disse em entrevista que Conká talvez não gostasse do produto final.
Aqui já caem por terra todas as teorias de que a emissora responsável precisava limpar a imagem de que o reality seria prejudicial aos artistas convidados, ou que isso aliviaria tanto ódio desproporcional pra cima da cantora. Porque não, ele não vai.
#avidadepoisdotombo pic.twitter.com/UXSnoQ7zoR
— acervo karol conka (@acervoconka) April 30, 2021
Os primeiros capítulos mostram uma Karol Conká de postura (ainda) intacta, apenas dois dias depois de sua eliminação com 99,17% dos votos. A ex-BBB estava ciente do mal que seus atos causaram no jogo e nos participantes eliminados, mas não tinha absorvido o impacto de sua participação em âmbito nacional.
Enquanto Karol encara, sem escapatória, vários telões que mostram seus péssimos atos na casa mais vigiada do Brasil, pedindo desculpas repetidamente e afirmando o seu profundo arrependimento enquanto limpa rios de lágrimas, o documentário faz um paralelo de suas atitudes, justificando com feridas ainda abertas de seu passado.
karol conka falando dos boatos sobre ela ser arrogante nos seus shows #avidadepoisdotombo pic.twitter.com/80oF0BVMNf
— acervo karol conka (@acervoconka) April 30, 2021
A ascensão de Karol no cenário rap vem carregada de lutas precoces contra o machismo, racismo e a busca de uma melhor condição financeira, ao mesmo tempo em que ela coleciona desavenças com profissionais que colaboraram em sua carreira.
Os nomes DJ Nave Beatz, Drica Lara, Dj Zegon e Flora Matos são expostos de maneira rasa e infantil, sem conclusões, sem apresentar contrapartidas e qualquer relação com a presença da rapper no programa de TV.
Sua mãe Dona Ana, o filho Jorge, seu irmão Lilo e seu ex-marido Cadelis dão depoimentos sinceros o suficiente para entendermos que Karoline dos Santos Oliveira tem uma conduta considerada difícil.
Sobre o doc que estreiou hoje, no que se refere a fase em que trabalhamos juntos, me surpreendeu a quantidade de informações fake e ausência de autorização para publicação do meu nome
Nunca tivemos briga judicial no nosso encerramento, só procurar nos sites dos tribunais…— DJ Zegon DJ是言 (@zegon) April 29, 2021
A estremecida relação com seu falecido pai é apontada como o maior gatilho que Karoline possui, responsável por despertar seu pior lado na convivência com Lucas Penteado no BBB.
O nó na garganta é inevitável durante as cenas que envolvem o encontro entre os dois participantes. Lumena foi a única ex-BBB 21 que participou de toda a narrativa construída e que aceitou o convite cara a cara.
Lucas desistiu de participar do encontro presencial com Karol, mas enviou um vídeo que faz qualquer um arrepiar enquanto assiste. FOTO: Reprodução – Globoplay
A série documental funciona como uma nova e talvez última grande oportunidade midiática para que a artista conte o seu lado da história.
Sendo assim, A Vida Depois do Tombo é uma extensão desnecessária dos julgamentos feitos pelos justiceiros da internet. É o tombo depois do tombo.
Ela errou? Bastante. Precisava desse lançamento superficial ainda neste semestre por conta do hype do programa? Não.
Era necessário dar tempo ao tempo e levantar utilizando a sua principal arma: o microfone em mãos.
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