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Murilo Busolin fala de cultura pop: música, séries e filmes sem descartar os 'guilty pleasures'

É de bom tom? Influenciadores e a pandemia

Nesses anos pandêmicos, quantas vezes você abriu o Instagram e se deparou com vídeos de influenciadores reunidos em um único espaço para reproduzir dancinhas virais do TikTok?

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Por Murilo Busolin Rodrigues
Atualização:

Eu falo sobre pessoas que impactam milhões, como @Gkay e sua trupe de 'comediantes', ex-BBB's como a @Flay, cantores de sertanejo, de funk, de pop e jogadores de futebol como @gabigol.

Talvez você não tenha ideia do que eu estou falando e não conheça nenhum citado, mas são perfis gigantescos, que são seguidos fielmente por um número maior de brasileiros, do que o total de vacinados contra o coronavírus até o fim de maio.

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Com as UTIs atingindo a capacidade máxima em todo o País - que está prestes a enfrentar a terceira onda com gostinho de não ter superado a primeira -, há interesse em assistir a uma aglomeração com o intuito de jogar o braço pra lá e pra cá ao som de Batom de Cereja?

Ou de acompanhar encontros entre personalidades e jogadores de futebol, todos sem máscara,

">durante o jantar no Paris 6?

"Não é de bom tom", diria a personagem Keila Mellman, interpretada pela atriz Ilana Kaplan.

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Uma semana após prestar homenagem ao falecimento de Paulo Gustavo e um dia depois de cobrar vacinas em seus stories, a cantora Ludmilla se apresentou ao lado de Gusttavo Lima, Mumuzinho, Dudu Nobre e Alexandre Pires, em uma festa fechada para cerca de 500 pessoas no Copacabana Palace (RJ).

O hotel foi multado e interditado para festas, mas e o posicionamento da cantora e do restante? Silêncio absoluto. Como admirador do trabalho da funkeira, elogiada aqui diversas vezes, fiquei decepcionado. Afinal, "seguir as regras da OMS" em um ambiente com mais de quinhentas pessoas é papo pra boi dormir.

Juntos, os músicos que cantaram na festa têm mais de 100 milhões de seguidores nas redes sociais, o mesmo número de doses que já teríamos da Pfizer se os e-mails da empresa não tivessem sido ignorados pelo governo federal em 2020.

O impacto que esses artistas possuem em suas postagens é gigantesco e é dele que precisamos para ajudar a cobrar medidas efetivas contra a pandemia.

Sem palavras.  

Quer um exemplo bom e recente?

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A vencedora do BBB 2021, Juliette Freire, publicou para seus mais 30 milhões de seguidores, um desabafo em formato de vídeo, pedindo para que seus fãs se cuidem e usem a máscara adequada (PFF2), além de alertar para as lotações nos hospitais e enaltecer aqueles que devem ser enaltecidos durante uma pandemia, os cientistas.

Durante o programa Saia Justa (GNT), Juliete fez, novamente, mais um posicionamento importante.

Na roda do debate, ela ergueu, ao vivo, o cartaz "A vacina salva. Não queremos mais perder ninguém".

Um ato simples? Não. É uma das pessoas mais comentadas do ano, dona de um alcance inacreditável, fazendo o apelo certeiro.

E, sim, o apelo de uma pessoa pública faz muita diferença.

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Juliette foi uma das poucas influenciadoras que se mostrou consciente sobre a atual situação da pandemia no Brasil. FOTO: GNT/Twitter  

No programa Altas Horas de 22 de maio, o apresentador Serginho Groisman perguntou à baiana Claudia Leitte, qual era a sua indignação.

"Eu tenho um coração pacificador. Acho que todo mundo tem um lugar onde pode brilhar uma luz para desfazer o que está acontecendo. Acho que me declarei", disse.

Dois dias após a repercussão negativa nas redes sociais, Claudia reconheceu o seu erro em vídeo divulgado.

"Como artista, eu não tive consciência do meu papel social", disse.

Claudia Leitte aprendeu e virou exemplo para que outros gigantes do entretenimento reconheçam que, mesmo após desligar o microfone ao fim de um show, o artista segue representando muitas vidas fora do palco - a sua voz pode e deve ser usada para ensinar.

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É momento de pensar duas ou três vezes antes de clicar no botão 'seguir'.

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