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Murilo Busolin fala de cultura pop: música, séries e filmes sem descartar os 'guilty pleasures'

De Beyoncé para Liz

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Por Murilo Busolin Rodrigues
Atualização:

Dedicando a nova obra apenas a um de seus três filhos, Beyoncé lançou no dia 31 de julho, o filme 'Black Is King', uma espécie de álbum visual superproduzido para o disco 'The Gift', trilha sonora do live action de O Rei Leão, sucesso de bilheteria em 2019.

O longa faz uma nova versão da clássica animação, dessa vez contada de um ponto de vista afrofuturístico. São pessoas negras que estão nos papéis principais, sendo a África o centro de tudo.

A produção é guiada pelo conhecido perfeccionismo da cantora - produtora, diretora, roteirista, atriz e uma dúzia de talentos - do começo ao fim.

Beyoncé entrega trabalhos de alta qualidade, que apenas Michael Jackson e Madonna souberam entregar anos atrás. FOTO: Reprodução/Disney  

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São tomadas e mais tomadas de referências que podem ser perdidas de vista se você piscar. É entretenimento de mãos dadas com ancestralidade, o que nos faz correr atrás de um aprofundamento teórico. Chutaria horas, dias ou até meses de estudo.

Beyoncé recebeu críticas especializadas construtivas, como a do site Essence, que elogia o conteúdo rico, mas que alerta que o álbum visual precisava ter tocado na verdadeira rotina africana e em pontos como o poder no continente africano e a negritude não enraizada em uma posição capitalista.

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Entretanto, a artista conseguiu desenvolver a ideia do movimento do afrofuturismo de maneira impecável.  Sem retratar sofrimento, ela imaginou e criou sua própria fábula com ajuda de diretores africanos. São infinitas alusões culturais, que se difundem entre música e dança. É o futuro afrocentrado que ela escolheu nos passar.

Beyoncé segue aprendendo e querendo nos ensinar pela ficção, com todo seu alcance e impacto.

 

O filme ainda não está disponível no Brasil, já que foi produzido com exclusividade para a plataforma Disney+, prevista para desembarcar na América Latina em novembro deste ano.

Tenho uma sobrinha negra, Liz, de três anos de idade, e certa vez, após uma série de pedidos impossíveis de se negar, precisei vasculhar mais de cinco lojas de brinquedos para encontrar somente uma única (!) sereia com o seu mesmo tom de pele. Exigência dela para o 'Tio Mu'.

É uma sereia como todas as outras. Cauda e beleza. Mas não é loira e nem ruiva, como a maioria dos exemplares. É preta e tem cabelo colorido, assim como Liz e seus recém-pintados fios crespos rosados.

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A pequena, que cantarola empolgada alguns hits de outra cantora, a 'nossa' Iza, já me questionou o motivo da Elsa de Frozen (Prime Video) não ter o mesmo cabelo que o seu.

São exemplos básicos que podem soar rasos demais, mas deu pra captar a questão da representatividade?

Quando for mais velha, Liz, que já usa algumas vestimentas girlpower de oncinha, como a diva em Black Is King, vai agradecer à Iza, vai ser grata aos diversos exemplos de igualdade nos veículos de comunicação, e vai agradecer, e muito, à Beyoncé, por exaltar a negritude de uma maneira tão especial.

Representatividade deixa incontáveis 'Liz' felizes. FOTO: Murilo Busolin  

Em tempo: O álbum 'The Lion King: The Gift' ganhou uma versão deluxe nas plataformas de streamings.

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