'Anvisa apura denúncias de frascos de vacina com doses a menos; Butantan alega falha'. Essa é a principal notícia a nível nacional sobre o coronavírus na tarde desta quinta e, infelizmente, mais uma atualização desanimadora.
A imunização contra o novo coronavírus ainda caminha a passos de tartaruga em nosso País. Mas o que aconteceu para o Brasil lidar da pior maneira possível com a pandemia?
A resposta para essa pergunta é exposta nos mínimos detalhes na nova série documental do GloboPlay, A Corrida das Vacinas.
Sob a direção do jornalista Álvaro Pereira Júnior, a produção é baseada nos bastidores da criação, em tempo recorde, das vacinas contra a covid-19.
O repórter percorre os centros de pesquisa do Brasil à Índia e Rússia, onde cientistas trabalham com a mais alta tecnologia para garantir a imunização do mundo todo.
Nos dois episódios já disponíveis (serão cinco no total, um novo a cada quinta-feira), é perceptível que a guerra política é a grande protagonista da atual e grave situação que enfrentamos em 2021.
As declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro a respeito da imunização recheiam o amargo sabor do documentário.
O governador de São Paulo, João Doria, também tem seus momentos de destaque. Seu embate com Bolsonaro vira uma espécie de corrida contra o tempo para conseguir a liberação da Coronavac, chamada pelo presidente de "vacina chinesa do Doria".
A vacina, desenvolvida pelo Instituto Butantan com insumos importados da China, garantiu, até então, a imunização de mais de 25 milhões de brasileiros, ao lado do imunizante de Oxford/AstraZeneca.
Com intenções futuras ou não, sai ganhando quem se preocupa com a população.
Doria cedeu uma longa e importante entrevista à obra e, em áudios vazados, sem perceber que não havia desconectado o microfone, o governador de São Paulo expõe o tom calorento do palanque político que foi instaurado na missão de conquistar o posto de detentor da primeira vacina aprovada para uso emergencial no País.
"Esse negócio tá virando uma novela. 30 milhões de dólares. Eu tô me expondo publicamente toda semana. Tô gastando meu capital toda semana. Ainda sofrendo ataques de Bolsonaro, bolsomininion, bolso não sei do quê. Bando de malucos."
Outro ponto interessante da série é ressaltar o lado frágil da eterna quarentena, explorando não só a rotina de pessoas que se trancafiaram em suas casas e seguiram à risca o isolamento social, como o passo a passo dos voluntários que contribuíram durante os testes de vacinas experimentais.
Enquanto aguardo ansiosamente a vez dos meus pais se vacinarem e também uma previsão, ainda que distante, para a minha vez, eu só posso pedir para que assistam esse rico conteúdo e compartilhem nos grupos de WhatsApp.
É a história atrelada à informação apurada e muito bem construída por profissionais da comunicação.
O documentário tem a mesma função de um chá de boldo para indigestões. Difícil de tomar, mas necessário.