Programa "polêmico" de Bial fica no "oba-oba"

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Por Estadão
Atualização:

Existe ou não a "ditadura" do politicamente correto? É realmente ofensivo chamar um homossexual de viado? O tema, um dos mais falados nos últimos tempos, desde que humoristas insistiram em continuar a chamar negros de macacos (e eles reclamaram, olha só!) e outros foram processados por falar, por exemplo, que estuprador merecia abraço, inaugurou ontem "Na Moral", o programa solo de Pedro Bial.

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O tema é bom? É. Dá para aprofundar alguma coisa sobre isso em um programa de meia hora com quadros, musiquinhas e uns dez minutos de discussão? Não. Foi o que aconteceu ontem, quando convidados como o filósofo Pondé, "defensor" da incorreção politica (sim, isso existe), o autor Antonio Carlos Queirós e a humorista Maria Paula "debateram" o tema, entremeado por opiniões de Bial.

Ponto importante. Dá para discutir se ser chamado de viado ofende um homossexual sem um presente? Não, claro. Assim como é muito fácil uma mulher magra falar que ser chamada de baleia não machuca nada, imagina, é só uma bobagem. Mas o programa deixou de lado os ofendidos. A minoria foi representada por Alexandre Pires, processado por associar em um videoclipe negro a macaco. A presença de Pires é uma boia sacada. Mas faltou ali alguém que se ofendeu. Na falta, virou uma discussão oba-oba.

Dá para julgar um programa pela sua estreia? Não. Mas dá para pensar em algumas coisas.

Aviso. Quem odeia Pedro Bial vai continuar odiando. Quem gosta vai continuar gostando. O apresentador é absolutamente ele mesmo no programa (e não se esperava outra coisa, claro). Ele faz, sim, suas "poesias", aquelas que ficaram famosas em eliminações do Big Brother e são difíceis de entender. Ao mesmo tempo, seu jeito esperto e ágil também está ali intacto.

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Os temas, segundo ele, sempre serão polêmicos.  Espera-se que das próximas vezes eles sejam tratados com mais profundidade. Quanto ao formato, ele é bem sacado, sim. Mas por outro lado o cenário, a plateia e as piadas fazem parecer que "Na Moral" é um mix do programa da Fátima Bernardes com um toque de "Esquenta", a atração elogiada de Regina Casé.

Fato curioso. No mesmo mês, dois grandes nomes da TV Globo estrearam programas solo. Fátima Bernardes ganha as manhãs para debater assuntos como "depilação feminina" e adoção. Bial vai direto na polemica. Para pensar. "Mulher gosta de assunto de mulherzinha, assunto sério é coisa de homem". Talvez esse possa ser um bom tema para um dos programas de Pedro Bial. Ou de Fátima. Por que não?

PS. A discussão continuou, com Pedro Bial presente, no desesperado programa de Fátima Bernardes, na manhã seguinte. Será que a Globo percebeu que mulher também gosta de falar de assuntos sérios? Ou será que era mesmo para promover o programa de Bial e ao mesmo tempo tentar aumentar a audiência para o tal programa de Fátima, o " causo" de ibope baixo da emissora? Não dá para ter certeza. Vamos ver quem vai ter paciência para acompanhar e esperar.

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