PUBLICIDADE

Pablo, o 'inventor' do arrocha, comemora sucesso do estilo entre os sertanejos

 Por Cristiane Bomfim

Por Cristiane Bomfim
Atualização:
 Foto: Estadão

Em São Paulo, o arrocha virou moda entre as duplas sertanejas. Luan Santana, João Neto e Frederico, Thaeme e Thiago, Gusttavo Lima: todos já gravaram - com modificações - o estilo musical nascido na cidade baiana de Candeias. Mesmo assim, nas rádios de muitas cidades do Nordeste, o grande nome do arrocha é o cantor romântico Pablo, um desconhecido nas regiões sudeste, centro-oeste e sul.

PUBLICIDADE

Pablo? Mas que Pablo? Foi essa a pergunta que eu me fiz antes de chegar em Aracaju, em Sergipe, onde o cantor dividiu o palco com a banda Chiclete com Banana. Passava das 2h de domingo, os chicleteiros já tinham incendiado o público e mesmo assim ninguém arredou o pé do Forró do Nana, que é o nome da festa. Todos esperavam o início do show da "voz romântica" e criador do termo arrocha.

"O arrocha é na verdade a seresta e esse termo eu usava nos shows para pedir para os casais dançarem agarradinhos e coladinhos. Eu dizia. Agora arrocha. E foi ficando assim, as pessoas não dizem mais que vão pra seresta. Elas vão para o arrocha", conta Pablo.

 Foto: Estadão

O show começa pouco depois das 2h. Primeiro entram dois casais de bailarinos. As mulheres estão vestidas de 'empreguetes', com uniformes justos e na cor pink. A dança é sensual e o ritmo da música romântico. Vestido com calça jeans colada, botas de caubói (de plástico) e uma camiseta listrada, Pablo arranca gritos e aplausos de um público que sabe de cor todas as músicas. A primeira música é Pecado de Amor. Na plateia, os casais se abraçam e também começa o arrocha.

Não há grandes efeitos especiais durante a apresentação. E, talvez por causa do ritmo, do cenário, da voz aguda,o teclado, tudo pareça brega. Enquanto Pablo canta, alguns convidados comentam que as roupas precisam mudar, que o cenário poderia ser mais pop e que as músicas deveriam ter uma pegada mais moderna.

Publicidade

Mas tudo isso é pura implicância. O arrocha moderno já existe e está sendo gravado pelas duplas sertanejas que estouraram em São Paulo. E embora ninguém dê o crédito, muita coisa foi copiada do cantor Pablo. É que como já diz Gusttavo Lima na música Balada Boa, "vem que o brega é bom".

 Foto: Estadão

O cantor, que se denomina "a voz romântica" não precisa cantar sucessos de outros artistas para conquistar o público: com apenas 27 anos, Pablo já acumula 12 de carreira, 9 CDs e 3 DVDs. Faz cerca de 30 shows por mês - a maioria no nordeste - e seu cachê varia de R$ 50 mil a R$ 100 mil. A presença de quatro canções de Zezé di Camargo e Luciano no repertório é exceção: ele é fã confesso da dupla e sonha, um dia, gravar com seus ídolos. Veja entrevista que ele concedeu ao Jornal da Tarde:

O que difere o arrocha dos outros estilos? A gente tem um carinho muito grande na seleção das músicas, que são românticas. Nós resgatamos as músicas românticas antigas e até esquecidas, damos uma nova roupagem e colocamos o nosso estilo, que é o arrocha. E as pessoas abraçam com o carinho.

Em São Paulo, quem está gravando o arrocha são as duplas sertanejas. Para quem não conhece o estilo, como se faz essa distinção? É a batida da bateria é um pouco diferente. Hoje está surgindo dupla sertaneja cantando o arrocha universitário. Mas o arrocha com teclado, com violão e guitarra está muito tempo na estrada e hoje está tendo essa mudança com o arrocha universitário, o que não é ruim para o movimento em si. Serve para fortalecer.

Como é ver o estilo bombando na voz de artistas sertanejos? O coração bate forte vendo o trabalho de longa estrada ser cantado. Se fosse ruim, ninguém queria copiar e fazer também.

Publicidade

Além do sertanejo, o arrocha está também no carnaval. Você participa da festa em Salvador. Como você define isso? A música é diversidade e atinge todas as classes e gostos. Participar do carnaval foi maravilhoso. É o terceiro ano que nós puxamos o bloco Arrocha Mutantes e não é um público selecionado. Todo mundo vai atrás do trio, você vê o movimento crescendo. Antigamente tinha um pouco de preconceito com o arrocha. Hoje ele está conquistando todas as classes e todas as idades. E eu estou muito feliz com isso e com o fato de ser precursor do arrocha.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Como é o sertanejo no Nordeste? E esse fato das duplas gravarem o estilo? Eu sempre fui fã do sertanejo e vendo também o movimento crescendo, duplas sertanejas cantando arrocha é música popular brasileira. Isso só fortalece o estilo. É sinal que a coisa está boa.

Em São Paulo, o ritmo é tratado como ritmo brega. Você se considera brega? Eu não sei. Depende o que a pessoa acha que é brega. Eu canto música romântica, o arrocha tem essa linha romântica. Quem é que nunca perdeu um amor, que quer conquistar um amor? Para mim não é brega. Se dizem que é brega, é o brega que vem conquistando a Bahia, o Brasil, enfim... Estou muito feliz com isso. O Brasil é brega.

São 12 anos de carreira. Onde você quer chegar? Todo artista sonha em ter uma carreira sólida em nível nacional. E eu sonho com isso também porque é de garotinho que eu canto. Eu comecei garotinho a cantar com meu pai em barzinhos e hoje me vejo com milhares de fãs. Sonho sim em ser um artista nacional.

E você gostaria de fazer parceria com quem? Eu sempre me inspirei no Zezé di Camargo e Luciano. Eu sou fanático por eles.

Publicidade

O arrocha é passageiro? Não. Claro que não. Eu tenho certeza que é daqui pra frente. O movimento cresce a cada dia. As pessoas dizem que vai acabar em 2 ou 3 anos e ele já está ai há 12 anos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.