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Mulheres acusam seguranças do Villa Mix de agressão

Por Cristiane Bomfim

Por Cristiane Bomfim
Atualização:

No período de pouco mais de um mês, pelo menos cinco mulheres procuraram a polícia para denunciar agressões cometidas por seguranças da Villa Mix, uma casa noturna recém-inaugurada na Vila Olímpia, na zona sul da capital.

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No último dia 14, um sábado, a bancária B.M.C, de 24 anos, e duas amigas registraram um boletim de ocorrência depois de serem agredidas por um frequentador e um segurança do local antes de serem expulsas da balada. Segundo o delegado adjunto do 96.º DP (Monções), Rodrigo Alasmar, essa foi a segunda queixa oficial de lesão corporal. A primeira foi feita em 10 de dezembro.

Loira, de olhos azuis e com cerca de 1,70 de altura, B.M.C, acrescenta que chegou com as duas amigas publicitárias - C.A.D.S. e B.A.G, ambas de 23 anos - na Villa Mix por volta das 23h30, quando ainda era sexta-feira, dia 13.

Inaugurada em novembro, a boate é uma sociedade da dupla sertaneja Jorge e Mateus e da empresa Enter Eventos. Tem preços salgados - a partir de R$ 80 (mulher) e R$ 120 (homem). A casa fica localizada na Rua Beira Rio e apresenta shows de duplas sertanejas ao vivo todas as terças e sextas-feiras e também aos sábados.

Camarote A bancária preferiu pagar R$ 20 a mais pelo ingresso - totalizando R$ 100 - para ficar no camarote da festa e ter mais conforto. Pouco tempo depois, B.M.C. foi expulsa, por causa de uma confusão que começou às 3h. A bancária diz que uma garota, que não é sua conhecida, começou a brigar com ela e suas amigas.

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"A menina parou e perguntou para a minha amiga se ela ia continuar empurrando. Dissemos que não tínhamos esbarrado nela, mas mesmo assim a menina empurrou minha amiga, que caiu no chão", diz. Para defender a colega, a bancária empurrou a desconhecida, que estava com dois homens. "No meio da discussão, um deles me deu um soco no rosto que me fez cair. Quando levantei, levei outro soco", conta ela, ainda com hematomas.

Um segurança foi chamado, mas em vez de socorrer a vítima, pendurou uma das amigas dela no ombro e a levou para fora da casa noturna. Ao questionar a atitude do segurança, a outra amiga da vítima foi empurrada contra o balcão e machucou as costas. "Dizíamos que nós éramos as vítimas, que eu tinha levado um soco de um homem e que ele tinha que tirar o cara de lá, mas o segurança foi irônico e disse que ia nos mostrar o que era agressão."

As três amigas foram obrigadas a pagar a conta e, mesmo com as queixas, não foram atendidas por qualquer responsável. "Eu me senti humilhada duas vezes. Quero que os responsáveis sejam punidos", desabafa B.M.C.

Outro caso Em 10 de dezembro, a relações públicas Débora Godke Molina, de 22 anos, resolveu conhecer a casa de música sertaneja na companhia de uma amiga.

As duas também ficaram no camarote e, na hora de ir embora, decidiram ir ao banheiro juntas. "Duas seguranças começaram a bater na porta com muita força, mandando a gente sair. Quando abri a porta, uma delas me puxou pelo braço e, antes que ela me arrastasse para fora, outros três seguranças homens invadiram o banheiro e nos expulsaram", conta ela, que machucou a perna ao ser arrastada.

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Do lado de fora do banheiro, as amigas pediram explicações dos funcionários da casa para a agressão sofrida, mas foram ignoradas pelo grupo, que só parou quando três homens, que se disseram responsáveis pela balada, retiraram as meninas do local. "Para amenizar a situação, ele não nos deixou pagar a conta. Como se fosse fácil assim, lamenta."

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Villa Mix deve fornecer filmagens do circuito interno

O delegado adjunto do 96.º DP (Monções), Rodrigo Alasmar, afirma que o boletim de ocorrência registrado por Débora Godke Molina em dezembro já virou inquérito policial e que a Villa Mix já está sendo investigada por lesão corporal. Segundo ele, um representante legal da casa noturna já foi intimado a prestar depoimento sobre o ocorrido. "Ele deveria ter vindo ontem (dia 17), mas não apareceu. Vai ser convocado mais duas vezes. " A casa deverá fornecer a lista dos seguranças e as filmagens do circuito interno de segurança para que a polícia possa identificar os agressores. No caso de B. M.C, de 24 anos, o delegado ainda aguarda que ela faça formalmente a representação contra os agressores. "Ela tem que vir pessoalmente e o prazo é de 60 dias", explica Alasmar.

O delegado alerta que em casos de agressões dentro de casas noturnas, as vítimas devem chamar imediatamente a Polícia Militar. "Fica muito mais fácil a identificação dos agressores", afirma.

Segurança é terceirizada, diz assessoria

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Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da casa Villa Mix respondeu, por nota, que "lamenta profundamente pelas situações e constrangimentos a que foram submetidas suas clientes" e se desculpa dizendo que a equipe que realiza a segurança do local é de empresa terceirizada para "zelar pelo bem estar de seus clientes e do ambiente em que se encontram".

De acordo com a nota, a confusão ocorrida em 14 de janeiro foi iniciada por clientes que ocupavam o camarote e "nesse caso os seguranças agiram de maneira a separar as pessoas e evitar maiores tumultos. Sendo assim, uma parte do grupo que participava da confusão foi retirada do local pela porta da frente da casa e a outra parte pela porta dos fundos".

Sobre o caso das amigas agredidas no banheiro por seguranças em 10 de dezembro, o Villa Mix explica que foi notificado judicialmente e está tomando as providências legais para que o caso seja esclarecido.

A casa noturna afirma ainda que os casos são isolados e que não concorda com o uso de violência ou truculência e que está "tomando as medidas necessárias para solucionar estas questões prontamente".

A matéria foi publicada na edição de hoje, 23 de janeiro, no 1º caderno do Jornal da Tarde

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