Walda Marques e seus românticos de Cuba

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Por Mônica Zarattini
Atualização:

ENTRE SONHOS, AMORES E FOTONOVELAS 

 Foto: Estadão

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Walda Marques trabalhou por muito tempo no mundo da fotografia sem ao menos ter feito um clic. Fazia toda produção, construía cenários, maquiava os modelos a serem fotografados, pintava as paredes dos fundos. O mundo do retrato invadiu sua vida antes dela invadir o mundo do retrato. Maquiar e vestir, chegar muito próximo do modelo dentro de um estúdio, a embriagou de tal forma que a fotografia foi apenas uma consequência. Desde pequena viveu esse ambiente no pequeno estabelecimento "lambe-lambe" do pai fotógrafo em Belém do Pará. Teve toda sua infância fotografada, "privilégio incrível", diz ela.

 

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Marcada pelo universo do retrato, especialmente o da figura feminina envolta pelo romantismo dos anos 50, Walda tem sua trajetória bem definida. Não fotografa ninguém logo de cara, seja um político ou uma debutante de 15 anos. Senta e conversa. Quer saber tudo sobre a pessoa, desde a cor que ela usa até como posiciona suas mãos, seus óculos, seus cabelos. "Porque eu acho que, quando você está trabalhando com a fotografia, se a pessoa põe a mão de um determinado jeito, ele tem que realmente fazer isso do modo dele. Então, eu dou intenção no teu movimento, eu fortaleço teu movimento. E posso te colocar até um pouco mais arrumado talvez, mas dentro da tua roupa, do teu cabelo e, às vezes, também descubro pessoas que não se conhecem", diz Walda.

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Envolta cada vez mais em produzir cenários para seus retratos, contar histórias foi o próximo passo. E histórias de amor, muitas histórias românticas. Começou criar  fotonovelas através do seu olhar. O primeiro trabalho foi feito com caixinhas de fósforos a partir de uma mulher fotografada no Louvre, donde surgiu a fotonovela "O Espelho da Princesa".A princesa estava presa e o espelho resolveu dar uma chance para sua vida lhe dando as chaves para ela fugir.  Depois veio "O Homem do Hotel Central" , história de traição entre duas amigas, envolvendo um vestido de noiva que uma delas foi comprar. Tudo se passava num hotel dos anos 30 em Belém, onde o vendedor do vestido vinha do estrangeiro e chegava ao Brasil com um vestido de noiva incrível e maravilhoso. Walda tem a reprodução desta fotonovela na sua página do facebook.Na fotonovela  "A Iludida", a personagem central é uma boneca de papel que quer ser gente.

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A exposição "Românticos de Cuba" nasceu um pouco como suas fotonovelas. Walda, mais uma vez, envolta no imaginário das narrativas de amor, com sua facilidade de encontrar pessoas e dona de um "portunhol" exemplar, foi entrando nas casas dos cubanos. Do mesmo jeitinho, conversando bastante, sem puxar a câmera logo de cara. As pessoas foram abrindo as portas de suas casas, um povo alegre e educado e muito parecido com o de Belém.  Viu grande semelhança entre Havana e a Ilha do Mosqueiro, no Pará. Conheceu de perto a santeria, viu as oferendas para os orixás e os altares com cachaças para os santos. Mergulhou na intimidade do universo da mulheres de Cuba. As fotos feitas em 2008 ficaram guardadas e, só em 2012,Walda foi convidada pelo curador Mariano Klautau a mostrar seu trabalho na terceira edição do Prêmio Diário do Pará. Ele batizou a exposição como "Românticos de Cuba" que ficou no Museu Universidade em Belém do Pará. Parte dela reproduzo aqui neste post.

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