Dia 24 de fevereiro, às 19:30 hs, a DOC Galeria, abre uma exposição homenagem ao fotógrafo Alexandre Severo que, aos 36 anos, foi vítima no acidente aéreo que matou o candidato à presidência, Eduardo Campos, em 13 de agosto de 2014. A mostra, sob curadoria de Simonetta Persichetti, abriga 19 fotografias de Alexandre, as preferidas de seus melhores amigos.
Conheci Alexandre quando ele chegou em São Paulo para desenvolver seu mestrado na FAAP. Procurou o Estadão para começar fazer alguns freelas e fui eu quem o entrevistou. Logo percebi a determinação, organização e paixão do moço por sua fotografia. Com seu ipad, ia me apresentando suas imagens. Detalhe: em forma de ensaios. Ali vi além de um repórter fotográfico. Vi um autor muito sensível. Seguem abaixo as fotografias separadas pelos amigos Marcos Michael, Hélia Scheppa, Ana Lira e Luciana. Parte dos trabalhos que Severo pausadamente me mostrou naquele dia.
"À Flor da Pele" foi o ensaio feito com uma família negra de Olinda que tem filhos albinos. Com essas imagens, Alexandre foi selecionado no concurso da Agência Reuters em 2009, Pictures of The Year e então, rodou o mundo.
Inspirado em Guimarães Rosa e outros autores, Severo criou o ensaio "Sertão de Dentro".
"Sertanejos",outro ensaio produzido por Severo a partir da leitura do livro de Euclides da Cunha, Os Sertões.
E o ensaio, "Eu , o Rio", teve alicerce e inspiração a partir da leitura do poema de João Cabral de Melo Neto, O Cão Sem Plumas.
Me marcaram muito seus ensaios. Tentamos chamar Severo, algumas vezes,para "freelar" com nossa equipe, mas nunca conseguimos, de fato, acertar os horários. Mas seu trabalho não saía da minha cabeça e um dia pedi que Severo me mandasse seus ensaios para que eu mostrasse ao editor do Aliás , Christian Cruz. Ele me mandou alguns e acrescentou esse maravilhoso trabalho sobre o maracatu rural, o qual selecionamos epublicamos há um ano atrás, durante o carnaval.
Na entrevista, eleme contou como os temas do Nordeste se misturavam tanto na sua vida profissional: "Sou pernambucano e certos temas da região se apresentam com muita intensidade na construção da minha identidade de fotógrafo. O maracatu, o vaqueiro, o sertão... Vou atrás desses assuntos, já tão presentes no imaginário coletivo e na própria fotografia, é para tentar entender minha relação com eles. Primeiro me deixo ser atravessado, marcado. E então, tento encontrar um respiro, deixar um espaço para o estranhamento do espectador, um espaço que possa ser preenchido pela imaginação de quem vê o trabalho além do lugar-comum.", disse na ocasião.
Os amigos em São Paulo decidiram homenagear Severo com o projeto "Bem-vindo Ao Meu Coração" espalhando cerca de 100 fotos de sua autoria em locais que ele costumava frequentar, onde morou nos últimos dois anos. Por exemplo, no Bar do Biu, esquina da R. João Moura com R.Cardeal Arcoverde, podemos ver um desses lambe-lambes colados acima das mesinhas, onde conversávamos do "Santinha" e do "Sport", assuntos que nãoescapavam da pauta! Severo era torcedor incondicional do Santa Cruz Futebol Clube, time que não se podia "criticar". O projeto "Bem-vindo Ao Meu Coração" poderá ser visto no telão em frente a DOC na abertura da exposição, no Escritório de Fotografia de Mônica Maia e Fernando Costa Netto.
Endereço: Rua Aspicuelta, 662, Vila Madalena
contato@docgaleria.com.br / Tel.: [11] 3938-0130