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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Uber liberado em Londres

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Atualização:

 

Cada cidade procura um modo de controlar ou liberar o Uber.

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Os táxis de Londres talvez sejam os melhores do mundo.

O serviço é um exemplo: não é caro, os motoristas passam dois anos estudando e treinando, numa seleção rigorosa, são carros padronizados, espaçosos e, detalhe, acessíveis a todos, especialmente a cadeiras de rodas [veja abaixo].

E, mesmo assim, a suprema corte britânica (Britain's High Court) decidiu, depois de meses de protestos de taxistas, que o aplicativo não prejudica os negócios dos proprietários dos "black cabs", ícone da cidade.

A Corte foi perguntada se a tecnologia do aplicativo quebra a lei que proíbe o uso de taxímetros em carros particulares.

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O juiz Duncan Ouseley despachou hoje que o taxímetro "não é um aparelho que recebe sinal do GPS durante a corrida, mas serve apenas para mandar informações a uma central, que calcula a tarifas."

Enquanto isso...

Está parado na gaveta do vereador Adilson Amadeu (PTB), da Comissão de Finanças e Orçamento, a aprovação de lei que garantiria um serviço eficaz de táxis com rampas para deficientes em São Paulo.

O táxi para cadeirantes é um serviço que se torna fato em todo mundo.

Cada cidade tem ama norma.

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Em Londres, os famosos carros pretos têm rampas acopladas mas laterais. Qualquer cadeirante entra em qualquer carro com a ajuda do motorista. A tarifa é subsidiada para clientes deficientes.

Na Espanha, é preciso telefonar e agendar. São minivans com rampas traseiras. Fica-se num espaço acolchoado, em que a cadeira se encaixa. A tarifa é comum.

 

 Foto: Estadão

 

Em Nova York como na Califórnia, são caros rebaixados, em que se entra pela lateral por uma rampa. Basta ligar 311 e agendar ou esperar na rua (um litígio judicial pede que 100% da frota seja adaptada). A tarifa é comum. Todos acima podem pegar passageiros não deficientes.

 

 Foto: Estadão

 

No Brasil, o serviço, claro, tinha que ser mais complicado, burocrático e ineficiente.

Não dá lucro a taxistas.

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No Rio era um modelo. Uma cooperativa serve apenas a deficientes. Um telefone atende toda demanda. O problema é que o tipo de carro que se exige (com elevadores plataforma e teto levantado) e sua manutenção são caros. E, surpresa, não têm isenção na compra do veículo e equipamento.

Às vésperas dos Jogos Olímpicos, o serviço pode fechar.

 

 Foto: Estadão

 

Em São Paulo, a lei 14.401 de 2007 foi feita para agradar a todos de tal maneira que não agrada ninguém, nem passageiros, nem motoristas.

São 88 carros com plataforma difíceis de serem agendados. Kassab sabia que o negócio não funcionava. Prometeu dois alvarás de carros comuns e mais dois de carros híbridos a cada cooperativa (frota) que aceitasse um carro adaptado (acessível).

No fim do ano, uma bomba cai no colo das prefeituras.

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A lei federal 13.146 de julho de 2015 exige que "as frotas de empresas de táxi devem reservar 10% de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência".

Se seguirem as normas cujos veículos deverão ser adaptados com plataforma elevatória na extremidade traseira ou lateral, o serviço continuará deficitário.

Mas se seguirem o modelo de rampas do mundo todo, que também transporta passageiros não deficientes...

A Prefeitura de BH opera com táxis com rampas. A do Rio promete isenções.

A de São Paulo reconhece que precisa mudar. Luta para ampliar o conceito de acessibilidade através do Projeto de Lei 563/2014, que tramita a passos lentos.

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Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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