Marcelo Rubens Paiva
29 de agosto de 2010 | 18h46
Nada de se envergonhar de ser turista, dar fora, falar errado, não entender o cardápio, entrar pela saída e parar um policial para pedir informações.
Menos ainda de visitar aquele lugar que é o cartão postal da cidade.
Mas sair por aí com a camisa ou moleton da seleção brasileira já acho exagerado.
Tô fora.
Qual o sentido desses turistas que saem assim por Paris e Londres?
E tem um monte.
Isso sim é orgulho de ser brasileiro.
Prefiro pagar meus micos à paisana.
E se meu fora for muito grande, finjo que sou russo, para não envergonhar o meu País.
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As fotos do post anterior, com as mademoiselles, causaram um pequeno furor.
E foi proposital.
Uma leitora disse que me abraçaram porque sentiam pena.
Outra perguntou se são leitoras de Feliz Ano Velho.
Na verdade, eram sobrinhas, cunhadas e amigas.
Costumo fazer estas fotos exatamente para provocar.
Mexer com a estranheza de se ver um cadeirante rodeado por mademoiselles, chicas, ragazzi, minas.
E não com cara de coitadinho carente.
Talvez seja meu complexo de inferioridade por ser, claro, um homem diferente, “com necessidades especiais” [ prioridade , como se diz nos aeroportos], que eu peça para as amigas tirarem fotos me abraçando, e provocar os tabus que circundam a vida afetiva de um cadeirante.
Escuto uma infinidade de comentários preconceituosos na vida.
Sobretudo sobre a minha vida sexual.
Até de amigos.
Me dá um ódio mortal.
Mas sorrio de volta e engulo em seco.
Minha resposta é a provocação.
Não tenho didática nem saco para o papel de líder de uma causa ou teórico da vida afetiva e sexual dos deficentes.
Tenho um celular com câmera e amigas que gostam do meu ombro e cheirinho.
com primas e irmãs
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