Marcelo Rubens Paiva
19 de outubro de 2010 | 15h29
Cena estranha ontem na sede da TV CULTURA em SÃO PAULO.
Onde trabalhei nos anos 80 e 90.
E estacionava dentro; privilégio dos apresentadores.
Fora dar uma entrevista para o METROPOLIS, agora com CADÃO VOLPATO [de volta].
Enquanto eu esperava a autorização para estacionar dentro, em local tão familiar, vi um segurança parar o carro que saía, com uma senhorinha dentro, e revistá-lo: abriu a porta do passageiro, a traseira e o porta-malas.
Como a autorização demorava, passei uns 15 minutos ali e percebi que todos os carros que saíam eram revistados. O mesmo procedimento. Uma faixa amarela pintada indicava aonde deveriam estacionar e esperar.
A rotina da desconfiança.
Talvez os funcionários da emissora já se acostumaram com esta invasão. Me disseram que faz 2 anos que ela ocorre.
“Será que os verdadeiros ladrões da TV Cultura são revistados?”, comentou um funcionário comigo.
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Tenho twitter agora [@marcelorubens].
Não resisti, comecei e… sabe que estou gostando?
Ainda não o instalei no celular, nem tuito coisas ditas na mesa do bar.
Nem falo da minha rotina, da hora em que acordei, fui ao banheiro, o que almocei.
Nem desminto o que a mídia falou de mim, arma das celebridades.
Até pq a mídia não está muito preocupada comigo.
Jogo frases na rede.
Num interessante exercício de síntese de 140 caracteres.
Atividade que aprendemos numa redação de jornal: o que é dito numa página pode ser dito em meia, em 1/4, em um parágrafo, caso entre um anúncio, que paga o nosso salário.
Elas são retuitadas. O debate se instala.
É 1 grande painel de ideias e notícias.
Já tuitei:
“TROPA DE ELITE 2 é que nem o segundo turno: Capitão Nascimento passa a ser contra aquilo que antes defendia.”
“Quer comprar jóias? Não vá a 1 shopping.”
“PV é neutro, mas o Gabeira, não. O ex-deputado do PT acaba de apoiar o Serra. Saiu bem magoado, hein?”
“Está na hora dos cariocas criarem o twitter dos arrastões, como tem o da Lei Seca. Para podermos circular pela cidade em paz.” Um leitor deu uma resposta sensacional: “Mas eles roubam nossos celulares, como poderemos tuitar?”
“Dilma contra o aborto e casamento gay. Não perderá votos de quem é a favor?”
Esta causou polêmica entre as mulheres:
“Segundo Ibope, mais homens votam em Dilma que em Serra. Qto às mulheres, empatam. Mulheres não votam em mulheres? Ou não confiam?”
“Ex-presidente do STF, GILMAR MENDES, foi assaltado. Será que por 1 dos bandidos que ele soltou? Ou cujo processo está na pilha à espera?”
“CARLA BRUNI está no Brasil! Bem que eu senti a cidade mais perfumada hj.”
“O amor acaba? Já viu algum cachorro ou gato deixar de amar o seu dono? O amor acaba entre nós, galinhas…”
“Da peça NÃO EXISTE MULHER DIFÍCIL: Atriz não é profissão, é diagnóstico.”
“Amnésia completa é aquela que se esquece que tem amnésia.”
“O que seria de uma cena de sexo do cinema sem um saxofone? Ou melhor, sexofone…”
“Próstata é a vingança das mulheres. Se sofrem antes com TPMs, sofreremos depois com ela!”
Esta até foi citada na coluna do MARCELO TAS da ISTO É:
“Criticar o PT é apoiar o PSDB e vice-versa?”
Não é divertido?
No entando, descobri que existe uma síndrome entre os tuiteros: aumentar o número de seguidores obsessivamente.
Se tem 10 mil, quer atingir a marca dos 20 mil
Se tem 100 mil, quer 200 mil.
Se tem 1 milhão, quer 2.
Luciano Hulk inovou: sorteia eletrodomésticos para seus seguidores.
Espero não entrar nesta noia.
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