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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Dicas

Nessa semana reestreia a minha peça A NOITE MAIS FRIA DO ANO no ESPAÇO PARLAPATÕES. A primeira sessão, nessa terça dia 9, é "para classe". A peça ficará até julho, às terças e quartas, 21h. O elenco é mega ocupado, já tinha agendado outros compromissos, por isso ficaremos no chamado horáro alternativo.

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Atualização:

O termo "para classe" está entre áspas, pois era algo comum no teatro antigamente e quase não rola mais: até os anos 80, as produções faziam um espetáculo gratuito para a classe teatral, geralmente à meia-noite ou num dia alternativo, pois nossos colegas não conseguiam ver nossas peças, já que estavam em cartaz com as suas.

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Esses espetáculos para classe são festivos, todos se reencontram. Costumamos caprichar, já que só tem amigo na platéia, ex-colegas, batalhadores que mantêm viva a chama teatral. Não sei por que raramente se fazem tais sessões, em consideração com a maioria dos profissionais da área, que é dura e rala demais. Esperamos inspirar a retomada da prática.

O ESPAÇO PARLAPATÕES é maior [100 lugares] do que o SESC PAULISTA [68]. Não sei se acontecerá o mesmo fenômeno que o que ocorreu no SESC; na segunda semana, os ingressos de toda a temporada se esgotaram, o que nos pegou de surpresa, pois tínhamos pouquíssimos convites para dar para familiares e amigos, o que gerou alguns constrangimentos. Esperamos dessa vez que caibam todos.

Mas caso você não consiga, vá ver CURTA PASSAGEM, também às terças, 21h, no SATYROS 1, ao lado, peça de 3 cenas hilárias do MARIO BORTOLOTTO, autor e diretor.

Cena 1. Uma garota muito sexy (Carla Trombini) arrasta numa noitada pra o seu apezinho modesto um cara (Eldo Mendes), que acabou de conhecer. Ela descobre ser ele um tremendo chato, implicante. Porém, como é "o que restou para aquela noite", ela o seduz mesmo assim. De morrer de rir.

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Cena 2. O grande desenhista CARCARAH estreia como ator. Faz um bêbado hilário, que vê a mulher (Dani Dezan) partir e ainda tem que aguentar o novo caso, GUTA RUIZ, uma doida de pedra.

Cena 3. A do reencontro. A mulher (Dani) que larga o cara da cena anterior volta para a casa do ex (Eldo, dobrando o papel). É uma linda cena de reconquista e amor.

MARIÃO consegue em uma hora de espetáculo nos fazer rir e emocionar com personagens patéticos, apaixonados, com seus diálogos tão provocadores e verdadeiros, com o que identificamos nossas maiores fraquezas. Quem já não se viu naquela situação? Não é porque o cara é meu amigo e parceiro que a indico aqui. É demais...

E estreia finalmente nos cinemas nessa semana o documentário LOKI, sobre ARNALDO BATISTA, o "mutante" mais inspirado, da banda que mudou o rumo do rock brasileiro, ou melhor, da música brasileira, e entrou numa onda pesada com LSD, tentou o suicídio, teve sequelas e foi considerado por muitos um caso perdido.

O filme é muito delicado, recupera imagens históricas dos MUTANTES, tem depoimentos até de Sean Lennon, fã declarado da banda.

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Só nesse ano vi 3 documentáros sobre músicos marcantes, TITÃS, SIMONAL e ARNALDO BATISTA. Sei que estão rodando um sobre o CAETANO VELOSO e RATOS DO PORÃO. Já fizeram BOTINADAS, sobre a cena punk paulistana do começo dos anos 80. Também vi numa mostra um filme sobre os PARALAMAS, que ainda não entrou em cartaz e que também aborda a recuperação do HEBERT.

Bacana que com o barateamento da tecnologia do cinema, e a melhora da qualidade de som das salas, conseguimos recontar a história da música brasileira.

Há muito a ser feito ainda: documentário sobre JULIO BARROSO [GANG 90], o furacão RPM, IRA!, BLITZ e tantas outras histórias dramáticas de sucesso juvenil que terminam em tragédia [ou não].

Uma pena que sobre a LEGIÃO URBANA tão cedo não veremos um doc. O litígio entre a família de RENATO RUSSO e os componentes da banda parece não ter fim.

Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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