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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Textos de Marighella são reeditados

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Atualização:
 

Enquanto o filme sobre Marighella baseado na obra de Mário Magalhães não estreia, a editora UBU lembrou-se do cinquentenário da sua morte.

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A Coleção Explosante, reúne livros que procuram "convulsões criadoras". Organizada e apresentada pelo filósofo Vladimir Safatle, reedita ensaios, cartas, manifesto e poemas de Carlos Marighella.

Incluindo textos que só circularam clandestinamente entre dirigentes e membros da esquerda armada, escritos durante a ditadura pelo líder da maior organização, a ALN.

Textos que eram tão perseguidos quanto o guerrilheiro, inimigo número um e exímio didático escritor, e que sobreviveram graças aos que enviaram exemplares para o exterior ou foram enterrados e bem escondidos por militantes sobreviventes.

O lançamento é parte do evento Chamamento ao Povo Brasileiro - 50 anos da morte de Marighella.

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Será na terça-feira 12/11, 19h30, na Ocupação 9 de julho (Rua Álvaro de Carvalho, 427).

 

Com a presença da viúva, Clara Charf, do filho e sósia, Carlos A. Marighella, do ex-ministro Paulo Vannuchi e Maria Rita Kehl, Levante Popular da Juventude, Juçara Marçal e, claro, Vladimir Safatle.

Deputado Federal Constituinte pelo PCB, cassado logo sem seguida, rompeu com o Partidão depois do golpe de 1964, por considera-lo centralizado e omisso, e recebeu o aval de Fidel Castro em Cuba para iniciar a resistência armada no Brasil.

Sua obra, Manual do Guerrilheiro Urbano, foi best-seller em muitos países e inspirou as rebeliões juvenis pós-1968.

 

Para a luta, precisava de dinheiro. A ALN assaltou bancos, lojas de câmbio, que chamavam de "expropriação", dinamites, armas, carros-fortes, trem-pagador, até o famoso sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, de que líder discordou.

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A ALN era descentralizada, e GTAs (Grupo Tático Armado) independentes decidiam ações, cujo sequestro ousado, de terrível desfecho, resultou na prisão de muitos guerrilheiros.

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O volume inclui seu livro integral Por Que Resisti à Prisão, de 1965, análise política do País, a ruptura com o PCB, escritos sobre a luta armada, incluindo Cartas de Havana, poemas e sátiras.

Sobre o livro, Safatle escreveu que "é digno de ser lido e admirado pela expressividade da escrita, a lógica da composição e a flama revolucionária de um lutador intemerato, mas tolerante, que era um marxista aberto, pronto para aceitar os matizes da realidade e a pluralidade das opiniões, dentro do pressuposto básico da aspiração a uma democracia popular, que abolisse a máscara dos regimes destinados a perpetuar o privilégio".

"Para os que nos governam atualmente, este livro não deveria existir, ele não deveria estar entre suas mãos agora. Pois tudo está sendo feito, neste exato momento, para que Carlos Marighella seja um nome envolto em sombras, em silêncio e em mentiras. Tudo está sendo feito para que suas análises não sejam ouvidas, para que suas palavras não circulem, para que sua história desapareça. Um tempo histórico se define por aquilo que ele recalca e não quer saber. Há de se perguntar então porque os que procuram controlar nosso tempo querem que você nada saiba sobre Carlos Marighella"

A Explosante reúne livros como Petrogrado, Xangai, de Alan Badiou, Alienação e Liberdade, de Frantz Fanon, A Sociedade Ingovernável, de Grégoire Chamayou, Guerras e Capital, de Éric Alliez e Maurizio Lazzarato.

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Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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