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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|acasos e teatrokê!

Alguns acasos mudam a vida da gente.

Atualização:

Bem, me casei com uma psicóloga que encontrei numa lanchonete casualmente.

E era um amigo meu quem estava paquerando-a. Marcelo também. Sorte dela que escolheu o mais discreto, porque o amigo se descobriu gay um ano depois.

E me casei com ela 3 anos depois.

 

 Foto: Estadão

Com esta gata, eu cruzava a PAULISTA, quado encontrei o RICARDO KARMAN, irmão mais velho do meu amigo de colégio, ROBERTO, que descia as ondas de UBATUBA como se fosse um míssil Scud iraquiano!

RICARDO era o artista da escola. Músico, ator perfomático.

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Depois, virou assistente de direção do ANTUNES FILHO, no CPT, centro de pesquisa de teatro que "o velho" comanda no SESC.

Na esquina da PAULISTA com a AUGUSTA, me convidou para escrever uma peça com o seu grupo do CPT. Pesquisavam o pós-modernismo.

Topei na hora.

Troquei minha promi$$ora carreira de apresentador de TV pelo banco da escola. Fiz o curso de dramaturgia do CPT. Me engajei de corpo e alma.

E não me arrependo nem um pouco, mesmo com meu contador e gerente de banco reclamando da considerável queda de rendimentos da minha pessoa jurídica.

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Ficamos 3 anos pesquisando e montando o espetáculo 525 LINHAS, minha primeira peça.

Aqui num ensaio com alunos do CPT, comemorando meu aniversário:

 Foto: Estadão

 

Antes, fiz teatro como [péssimo] ator amador, viajara o mundo com a peça FELIZ ANO VELHO, adaptação badalada do ALCIDES NOGUEIRA do meu livro. Tentava escrever para teatro. Mas não tinha técnica.

No CPT descobri um pouco do fazer.

Coisa que passamos a vida toda [re]descobrindo.

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525 LINHAS foi um marco no teatro brasileiro, e eu nem sabia disso.

Num recente especial da TV SESC sobre a peça [repete sempre, inclusive nesta semana], dizem ser a primeira a unir as muitas mídias num mesmo palco, tendência que pegou.

Isso porque com OTAVIO DONASCI misturamos vídeo e teatro. A personagem fazia amor com uma tela de projeção, por exemplo. Se apaixonava pela imagem da esposa, que virava a garota propaganda da moda.

Nada gratuito. Segundo os preceitos do pós-modernismo, o hiper-realismo fascina mais que o real. Traduzindo para leigos, uma mulher fica mais gostosa depois de um banho de Photoshop.

Conseguimos o feito graças a um patrocínio da SONY. Na época, o aluguel semanal do equipamento equivalia ao borderô de toda a temporada.

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Hoje barateou. Se não, FELIPE HIRSCH estava frito. Ou falido.

Fundamos a KOMPANHIA CENTRO DA TERRA [eu era o tesoureiro, ironia...].

525 LINHAS foi um marco, mas ficou apenas 4 meses em cartaz.

Depois, RICARDO partiu para experiências teatrais mais ousadas, com uma dramaturgia menos ortodoxa, enquanto fui para o caminho oposto, apostando nos truques que os gregos inventaram há milhares de anos.

Ele fez a histórica montagem de A Viagem ao Centro da Terra, no túnel sob o Rio Pinheiros, em 1992. Eu, pecinhas por aí, em palcos italianos, com começo meio e fim, peripécia e revelação

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Mais de 20 anos depois, cá estamos nós, trabalhando juntos de novo, numa experiência dramática que vai dar o que falar, o TEATROKÊ.

Estreamos amanha [terça-feira] no TEATRO CENTRO DA TERRA.

O Teatrokê tem como personagens voluntários presentes na plateia, que terão a oportunidade de participar da encenação de peças inéditas curtas, escritas especialmente para este projeto por mim, Samir Yazbek, Mário Bortolotto e o próprio Ricardo.

Oferecemos também cenas e esquetes de outros autores, adaptados especialmente para o espetáculo, entre eles Jô Bilac, Shakespeare, Karl Valentin e Ibsen.

Um ponto eletrônico sem fio transmite as informações diretamente para o ouvido do público.

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Qualquer espectador pode subir ao palco e se transformar em ator principal e, como protagonista, interpretar personagens ao lado de atores ensaiados.

É o wireless Teatrokê.

Já testamos em ensaios com cobais. Funcionou!

 Foto: Estadão

Um mestre de cerimônias recruta os voluntários da plateia [sempre respeitando os que não querem participar] e os leva para os bastidores do teatro, para serem plugados, brifados e preparados cenicamente.

O participante terá adereços, figurinos de diversos tamanhos e todos os recursos para ajudar a interpretação.

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Os atores-faladores que passam, através do ponto eletrônico, as instruções e o texto para os voluntários no palco, ficam em uma cabine acústica; eles conhecem os textos e ensaiaram os papeis - estão aptos a transmitir as falas na cadência adequada e dramaticamente preparada para o fácil entendimento do receptor.

O público-receptor que sobe ao palco tem um nome especial: é o Outrokê!

A encenação do Teatrokê tem como pano de fundo a exaltação ao teatro - uma metalinguagem em que o teatro fala do próprio teatro.

"Queremos que o público se divirta e conheça o mundo do teatro. Queremos que ele aproveite ao máximo a sua experiência cênica de forma que, além do desafio da atuação, ele também entenda os bastidores da montagem de uma peça teatral e aumente o seu interesse pelo teatro de uma maneira geral", fala RICARDO.

Pode até haver um aprofundamento teórico na ideia. Mas o que nos interessa é que vai ser pra lá de divertido!

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Espetáculo: Teatrokê ®

Direção: Ricardo Karman

Textos inéditos: Marcelo Rubens Paiva, Samir Yazbek, Mario Bortoloto e Ricardo Karman.

Textos adaptados: Shakespeare, Karl Valentin e Henrik Ibsen e outros.

Elenco fixo: Yunes Chami, Mário De La Rosa, Vivian Bertocco, Gustavo Vaz, Xande Mello.

Cenografia e adereços: Otavio Donasci

Figurinos: Joana Porto

Iluminação e sonoplastia: Kompanhia do Centro da Terra

Assistente de direção: Bernardo Galegale

Produção de figurino e adereços: Helena Ramos

Produção: Rachel Brumana

Estreia: 27 de abril - terça - às 21 horas

Teatro do Centro da Terra - www.centrodaterra.com.br

Rua Piracuama, 19 - Vila Pompeia/SP - Tel: (11) 3675-1595

Temporada: terças-feiras - às 21 horas - De 27/04 a 31/08

Ingressos: R$ 10,00 (¹/2 entrada: R$ 5,00) - Duração: 75 min. - Gênero: comédia Capacidade: 100 lugares - Classificação etária: 14 anos

 Foto: Estadão
Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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