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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Tarantina - de presa à predadora

Muito se fala da qualidade dos diálogos, da violência caricata que choca alguns, da trilha precisa em que se homenageiam grandes bandas e músicos esquecidos, da sua capacidade de ver talento em atores na gaveta, de recuperar e citar cineastas considerados secundários, da trama não linear, da montagem surpreendente, da consistência do seu cinema, das alegorias e citações.

Atualização:

Mas é preciso exaltar uma qualidade: TARANTINO sabe como poucos construir personagens femininos verticais, profundos, quem admiramos e por quem sentimos algo a mais, misto de medo e atração, tesão e repulsa, que transformam predadores em presas.

Deusas de beleza incomparável, são submetidas a uma repressão chauvinista e procuram se libertar.

As TARANTINAS seguem um padrão. Traem àqueles que as submetem à opressão, se vingam, cortam a raiz pelo mal. De coadjuvantes, decidem dar a volta e protagonizar.

Têm sede de justiça.

Têm pernas e pés que se destacam- como bom podólatra ou pedolatra que é [do grego podo-pé + latra-adorador], o diretor esbanja closes de unhas pintadas e pés que seduzem.

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Como em GRINDHOUSE e JACKIE BROWN.

 

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

Curiosamente, em seu primeiro filme, CÃES DE ALUGUEL, não tem mulher.

Mas é em PULP FICTION que ele começa a nos deliciar com Mia Wallace (Uma Thurman), mulher do chefão Marsellus Wallace, que provoca até o desespero seu guarda-costas, Vincent Vega.

 

 Foto: Estadão

 

Surge então Jackie Brown (Pam Grier), em JACKIE BROWN, aeromoça de uma pequena linha aérea mexicana que, com baixo salário, contrabanda dinheiro de um traficante amador de armas, Ordell Robbie (Samuel L. Jackson). Jackie desperta uma paixão avassaladora de um advogado de fianças. O manipula para se vingar.

 

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Ordell é o escroque que mantém uma relação com uma surfistinha loirinha de LA, Melanie Ralston (Bridget Fonda), apenas porque é branquela.

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 Foto: Estadão

 

E manipula duas outras mulheres. É traído por todas elas.

 

 Foto: Estadão

 

 

KILL BILL traz a vingança da noiva BEATRIX KIDDO, que grávida sofre um atentado no dia do seu casamento. São dois capítulos da saga e vingança em que ela enfrenta feras como ELLE DRIVER, O-REN-ISHI, GOGO YUBARI, SOFIE FATALI e outras pestes.

 

 Foto: Estadão
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Em GRINDHOUSE são as bonecas DJ Julia (Sydney Tamiia Poitier), Arlene (Vanessa Ferlito) e Shanna (Jordan Ladd) que se juntam para vingar a morte de uma delas, PAM (Rose McGowan), cometida pelo psicopata DUBLÊ MIKE (Ken Russel).

 

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BASTARDO INGLÓRIOS é a vingança surreal da pequena judia francesa SHOSANNA, que depois assumiu a identidade de Emmanuelle Mimieux (Melanie Laurent), contra a cúpula nazista, uma chance rara que caiu sobre seu colo, ou melhor, no seu cinema e Paris.

 

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A atriz BRIDGET VON HAMMERSMARK, que quebra a perna (Diane Heidkrüger), é uma agente dupla que colabora com o atentado.

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 Foto: Estadão

 

E agora, em DJANGO, BROOMHILDA (Kerry Washington), a linda escrava que fala alemão, leva seu marido (Jamie Foxx) a matar um número recorde de atores e figurantes. Como na lenda.

 

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Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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