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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Silêncio, por favor

Atualização:

O que levou a Uber a incluir o serviço Comfort, pagar para não conversar?

A Humanidade fica triste, silenciosa, enjaulada em sua bolha: fisicamente solitária, virtualmente acompanhada.

Não se olha no metrô, busão, cafés. A prosa com desconhecidos, o papo-furado, incomoda aqueles que preferem o mundo exclusivo da própria rede social.

Foi a polarização que rola pelo mudo?

Claro que tudo começou nos EUA, país do individualismo, pressa, obsessão pela privacidade.

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No Brasil, a partir de novembro, 600 mil motoristas deixarão de conversar com seus 22 milhões de passageiros cadastrados, se o usuário pagar algo em torno de 25% a mais.

Que gente triste...

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Pois aos tagarelas, como eu, sugiro à empresa outras opções. Incentivar:

Dicas de saúde. Motoristas qualificados, enfermeiros, médicos, ou apenas hipocondríacos, poderão trocar experiências. Dicas de como evitar ou curar uma ressaca estão incluídas.

Senta no divã. Estudantes ou profissionais de psicologia desempregados, que dirigem carros de aplicativos de carona, podem durante a corrida fazer uma terapia breve. O passageiro pode ou não se deitar no banco de trás.

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Com o tempo, o serviço seria estendido para diferentes linhas: freudiana, junguiana, lacaniana.

Bando de loucos. Corintianos conversarão sobre a retranca do time campeão dos campeões.

O passageiro poderá escolher o time do motorista. Se foi aquele que perdeu no fim de semana, poderá optar por zoar o motorista.

Boechat eterno. Saudosistas, será uma homenagem ao grande jornalista, em que serão lembrados seus grandes momentos.

Deus é Pai. Sim, o passageiro poderá escolher a religião do motorista.

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Tem mais:

Nutricionistas podem sugerir dietas.

Assessores financeiros, investimentos.

Professores de língua, conversação.

A única proibição: falar do tempo. Esse papo fica restrito aos passageiros de elevadores.

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Opa. Taí a dica. O elevador do silêncio. Nele, seria proibido conversar. Alô senhores síndicos...

PS> Quando virão as opções pelo gosto musical do motorista?

Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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