Marcelo Rubens Paiva
17 de junho de 2020 | 15h17
Premissa da série El Pre$idente (Prime Video da Amazon): Depois de perder a Copa do Mundo FIFA de 2022 para o Catar, Estados Unidos enviam equipe do FBI para investigar a corrupção dos delegados responsáveis pela escolha.
Pouco a pouco, através da delação premiada, o nó é desatado, o FBI numa longa e detalhada investigação penetra com agentes infiltrados e informantes em ciclos fechados de dirigentes com imunidades da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), sediada num hotel-cassino em Luque, Paraguai, e da própria FIFA na Suíça.
Por fim, a prisão de algum deles, como a de José Maria Marin, presidente da nossa CBF, em Zurique, dá no escândalo conhecido como Fifagate.
Por trás da produção, o argentino Armando Bó (Oscar por roteiro em Birdman), e a Gaumont, de Narcos.
O resultado: uma sensacional sátira latino-americana.
Em oito episódios, com off de um defunto, vemos a ascensão de Sergio Jadue (Andrés Parra), de La Calera, laranja que casualmente se tornou presidente da federação de futebol do Chile e levou o país a sediar se tornar campeão da Copa América de 2015, já como principal informante do FBI.
O Brás Cubas da série é Julio Grondona, presidente por três décadas da poderosa associação argentina AFA, que faleceu em 2014, quadro da FIFA e mentor de Jadue.
Esqueça as informações de que a série é de suspense e drama. É humor do começo ao fim, especialidade argentina.
Sem contar o peso e camadas das personagens femininas, a mulher, uma alpinista social, e a agente complexa do FBI.
Eze Olzanski me explicou que a decisão pela comicidade veio para a Gaumont pelo criador, Pablo Larrain, e que Bó a tornou mais satírica, ideia que, apesar do risco, foi comprada pela Amazon e parceiros.
O Brasil entra em cena através de José Hawilla, quem tinha os direitos de transmissão, Roberto Teixeira, Marin e a lenda, que transformou a FIFA num império, João Havelange, que, ao que tudo indica, será o personagem central da segunda temporada, se rolar.
Muitas tramas se passam no Rio de Janeiro de 2014, durante a nossa Copa do Mundo.
Os EUA não conseguiram Copa de 2022.
Mas a vingança veio numa empanada que comeram fria.