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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|rio de janeirices

Atualização:

Me emociona toda vez que vejo este carrinho de sorvete na Ataulfo de Paiva, Leblon, principal rua de comércio do bairro.

MORAIS foi a mais tradicional sorveteria do Rio dos ano 60 e 70.

Ficava em Ipanema.

 Foto: Estadão

Até fechar as portas em 1980.

Tinha sorvetes inusitados, como de jaca e abacate.

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Meu pai, quando estava na cidade, o que era raro, levava toda a família no domingo para tomar sorvete lá.

Era o único programa que ele conseguia fazer com os filhos, na sua guerra pessoal e incansável contra a ditadura, o que tomava a maior parte do seu tempo.

E se esbaldava como uma criança.

Desde 1982, seu Antônio Morais decidiu continuar a vida de sorveteiro.

Mas sem pagar ponto, aluguel, ou ter problemas com a fiscalização.

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Comprou um carrinho e faz ponto numa esquina do Leblon até hoje.

Fabrica na cozinha da sua casa o sorvete.

Ele mesmo compra as frutas.

Quatro sabores de cada vez.

Ainda tem jaca. Tem banana frita. E, claro, manga, o que mais vende. A R$ 2,50.

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Contei para ele que meu pai me levava na infância aos domingos para a sua sorveteria de Ipanema.

Ele me disse que muitos clientes contam a mesma história.

E que os pais chantageavam os filhos: se não se comportassem durante a semana, ou tirassem nota baixa, nada de Morais no domingo.

Bem, o meu não fazia isso.

Porque era o mais viciado em sorvetes da casa.

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+++

Sim, os aluguéis estão caríssimos no Rio.

A rede hoteleira não dá conta da demanda.

Mas tem a praia.

Está aí uma sugestão para o caos que pode ocorrer durante a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.

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Ceder trapos de carpete para turistas que desembarcam no GALEÃO.

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão
Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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