E o SCALA já era.
Lembro-me quando era adolescente duro e passava o Carnaval assistindo pela TV a alegria alheia.
Os bailes eram transmitidos ao vivo.
Os cariocas eram os que mais repercutiam.
VERMELHO E PRETO, na sede do FLAMENGO, em que iam os jogadores da fase Zico e &, BAILE DO COPA, no Copacabana Palace, com gente de smoking, SCALA, no Leblon, em que havia a notória noite gay.
Em que repórteres não escutavam seus entrevistados.
"Tá vestido do quê?"
"O quê?!"
"Vai desfilar em qual escola?"
"Como?!"
Em que ROGÉRIA era a estrela do show; talvez seu único cachê do ano.
E cujas cenas picantes eram cortadas, mas depois vendidas em bancas.
Cenas de bastidores, dos camarotes.
Enriquecendo nossa imaginação, dando fama de 15 minutos a aspirantes, e oportunidade para travecos e drags brilharem.
Já era. O SCALA foi lacrado.
Passei por ele no ano passado em pleno Carnaval. Ainda tinha tapete vermelho, flashes, a rua, em frente à uma delegacia, era interditada, mas sem o glamour do passado.
Com o renascimento do Carnaval de rua do Rio, quem se interessa por baile fechado?
Já era.
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Um amigo cadeirante baiano decidiu experimentar a eficiência do transporte adaptado carioca.
Que se notabilizou na última novela, com a cadeirante chata e reclamona [ALINE MORAES], mas gostosérrima, militando a plenos pulmões.
Vi com meus olhos o aumento da quantidade de ônibus adaptados no último ano.
Com o sistema pouco prático de plataformas hidráulicas, que vivem enguiçando, e não com o sistema de rampas, mais prático e econômico, que a maioria das cidades adotou; inclusive São Paulo.
Meu amigo contou que ficava no ponto, fazia sinal, paravam mas diziam: "Olha, esquecemos a chave da plataforma, pegue o próximo."
E assim por diante.
Decidiu pegar um táxi.
Isso é Rio de Janeiro...
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Aliás, alguém me explica como entra uma cadeira de rodas neste ônibus intermunicipal.
O símbolo está lá.
Mas e a rampa ou plataforma?
Não sou gostoso, mas também sou chato e reclamão.
Preço da militância.