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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Quando a imprensa é vilã

Atualização:

Nem sempre, a imprensa é heroína numa trama repleta de vilões.

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Nem sempre, grandes jornais, como o Washington Post, são sinônimos de guardiões da verdade e justiça. Assim como nem sempre um vazamento desmascara a hipocrisia política.

Dois filmes nos deixam orgulhosos da emenda que sustenta as democracias, a liberdade de expressão, e do papel do jornalismo investigativo: Todos os Homens do Presidente, que deu no escândalo Watergate e na aposentadoria forçada de Nixon, e The Post, sobre os Papeis do Pentágono, que mostrou a farsa da Guerra do Vietnã e antecipou a humilhante retirada americana.

Porém, na HBO, o filme O Favorito mostra que excessos e injustiças foram praticados contra políticos decentes, cuja vida pessoal foi virada do avesso, via denúncias anônimas, provas infundadas e vazamentos mal checados.

O que acabou mudando o curso da história. Para o mal.

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Não estou me referindo ao papel de parte da imprensa no processo eleitoral recente americano e brasileiro.

Mas ao que grandes jornais, como Miami Herald e Washington Post, inclusive com a aprovação do herói dos jornalistas, Bob Woodward, de Watergate, fizeram na campanha de 1988, ao denunciarem sem provas uma infidelidade conjugal do candidato favorito, Gerry Hart.

Que poderia acabar com a Era Reagan.

A imprensa invadiu a privacidade da contida família do senador, ao ponto de ele se ver obrigado a abandonar a carreira.

Pode até ser que ele tivesse tido um caso com uma modelo de Miami. E daí? É assunto de Estado?

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E logo o honorable Post se rebaixaria ao papel que cabe aos tabloides?

Detalhe 1. Ele está vivo e mora com a mulher Lee Hart até hoje, num sítio no Colorado.

Detalhe 2. O democrata que enfim sucedeu os republicanos, Clinton, envolveu-se, pior, com uma estagiária da Casa Branca, numa clara demonstração de assédio no trabalho, e terminou o mandato.

Detalhe 3. Estamos falando de um bastidor repleto de infidelidade conjugal, a começar pelo pai da Nação, Thomas Jefferson, que teve filhos com uma escrava, passando pelos carismáticos Roosevelt e Kennedy.

Detalhe 4. Sem contar o atual presidente, Trump, cujos casos de assédios são mais visíveis que suas torres douradas.

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Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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