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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|programation

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Atualização:

Há tempos que não via algo na TV aberta tão bom quanto AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES?

Além de JUNTO E MISTURADO.

É a GLOBO mandando bem. Apesar de perder em audiência para A FAZENDA [sem negrito]. Que deprê...

De LUIS FERNANDO CARVALHO, o diretor das minisséries caprichadas [e caras].

Poderia ser uma bobagem amontoada de clichês.

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Mas é aí que está a graça.

Sim, joga com conceitos e preconceitos.

E poesia.

Fala de amor e separações.

"Quem nunca escutou 'toca a sua vida' numa separação?"

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Foi aí que o programa me pegou. Sim, já escutei!

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Baseada na obra de JOÃO PAULO CUENCA, tem um ar felliniano de DOLCE VITA. Uma trilha e direção incríveis. Cenário e figurinos exóticos.

MICHEL MALAMED faz um nerd, ANDRÉ, que escreve uma tese de doutorado em Psicologia, que pretende responder a pergunta freudiana "Afinal, o que querem as mulheres?"

Ele mistura a pesquisa à sua própria vida. Sua dedicação é tanta, que ele é abandonado por seu grande amor, LÍVIA [PAOLA OLIVEIRA]. Mas a tese vira livro, que vira um bestseller. E sua vida passa a ser rodeada de mulheres.

Mas ele não consegue esquecer Lívia, que fica com o homem perfeito, JONAS [DAN STULBACH, o 'vai curintia', meu colega de arquibancada laranja]. Tipo descrito no post abaixo, o supersuper-homem: cozinha, dança, canta, fala várias línguas, sedutor, elegante.

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É ele que elas querem?

O escritor ganha fama, uma russa tarada e uma série baseada nele, interpretada por RODRIGO SANTORO, que faz um galã idiota, surfista fútil, que cola no personagem que interpretará, ANDRÉ, absorvendo seus trejeitos.

E comemora, quando chega ao número de 1 milhão de seguidores no twitter.

No fundo, poderia se chamar também o que vocês querem da gente?

Pois são eles que narram.

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Auto-ironia de primeira.

Todas as quintas, 23h30.

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Vamos lá.

Sexta e sábado, 23 h, no SATYROS 1, a peça que dirigi: LÁ FORA, UM PÁSSARO DÁ BOM DIA.

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Monólogo lindo e revelador da princesinha da Praça Roosevelt, a autora ?PRISCILA NICOLIELO, com GABRIELA ROSAS.

 Foto: Estadão

Ensaiamos durante 40 dias.

O texto sobre uma garota de 15 anos que flerta o carteiro, que vai longe demais. Surpresas da loucura feminina estão nas entrelinhas. A peça é de uma densidade delicada.

E mostra que nem sempre é possível prever a reação de uma donna.

Cada gesto foi calculado. Minunciosamente.

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Afinal, aprendi, num monólogo todos os olhos estão apontados para a atriz.

O movimento de seus dedos é ampliado.

Acredito que está mais para um balé do que para uma peça.

Não ensaiávamos apenas. Coreografávamos também.

 Foto: Estadão

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Nesta sexta estarei na BALADA LITERÁRIA, evento organizado pelo boeta [poeta boêmio] MARCELINO FREIRE, que rola todo o ano.

Falaremos de dramaturgia e literatura na LIVRARIA DA VILA, da VILA MADALENA mesmo, às 14h30.

Eu, SÉRGIO ROVERI e BETH GOULART.

Aproveitaremos para homenagear o falecido e querido ALBERTO GUZIK.

Veja toda a programação, que começou hoje.

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E é grátis.

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Bem, e vem aí PLANETA TERRA [PAVEMENT!], LOU REED e PAUL!

Ah, este dólar barato...

Faz a festa dos amantes da música.

Tem um mega show toda a semana.

De bandas que só conhecíamos de longe.

Fode a econonia, mas que é bom ter acesso à boa cultura, é.

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JON FOSSE é um caso sério.

Ou amam, ou odeiam.

Ninguém fica insensível a ele.

Dramaturgo norueguês, que escreve em norueguês e  quase não sai de casa, neurótico de primeira, que prova o quanto a dramaturgia contemporânea está pulsando.

Está em cartaz no PARLAPATÕES, sob direção do meu parceiro de J&D e Heineken, MARIO BORTOLOTTO.

Que, como entende tudo da coisa, soube dedilhar as pausas e vazios deste texto tão marcante, NOTURNOS.

Sobre um casal incrivelmente familiar, entediado, sem diálogo e sem saída, que não consegue apagar o incêndio de sua rotina.

Os diálogos repetitivos, que irritam alguns, são a sua marca.

Incomodam.

Não a mim. Ao contrário, provam o quanto numa vida a 2 repetimos e repetimos as mesmas fraquezas e dúvidas. O quanto 1 casal se perde, na maioria das vezes, na mesma queixa, como um LP riscado. E o quanto é difícil fazer a agulha pular.

Comprove.

 Foto: Estadão
Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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