Marcelo Rubens Paiva
14 de maio de 2018 | 10h27
Se Lula for candidato e eleito, viveremos um impasse democrático excêntrico.
O PT tem até dia 15 de agosto para registrar uma candidatura. O TSE tem até 17 de setembro, 20 dias antes do primeiro turno, para julgar os registros.
Ministro Luiz Fux é o presidente do TSE exatamente até 15 de agosto. Será sucedido pela ministra Rosa Weber, a que pensa de um jeito, mas decide de outro (votou contra a prisão em segunda instância em 2016, mas negou o habeas corpus de Lula em 2018).
E se, num sem número de recursos contra Lei da Ficha Limpa, pedidos de vistas, o rosto de Lula estiver na urna em outubro?
E se ele for eleito?
Dois e meses e meio depois, toma posse da cadeia?
Poderia se auto indultar depois de 1 de janeiro de 2019?
E condenado pelas ações do Sítio de Atibaia e Terreno do Instituto Lula, “crimes” cometidos antes do mandato, seria cassado?
Pelo Congresso, que duas vezes não cassou Temer por crimes cometidos antes do mandato?
E, se cassado, anula-se a eleição, os votos dados a Lula, ou assume seu vice?
Da prisão em Curitiba, onde poderá ficar por um longo tempo, ele tinha liberado seu partido a escolher um candidato para 2018.
Falou-se em Jaques Wagner, já na mira da Polícia Federal e dos bacharéis da Lava Jato. Fala-se em Haddad, o prefeito gente boa, que perdeu a eleição de lavada, mas tem moral na base e prestígio.
Fala-se em Celso Amorim, o chanceler cabeça-feita. Já ouvi de uma “fonte quentíssima” que o nome é Patrus Ananias, diretamente das Minas Gerais, estado populoso na balança das eleições.
A única certeza: vice de Ciro Gomes, nunca. Não é do feitio do partido de maior bancada, que nunca abriu mão de encabeçar uma chapa para eleição majoritária, estar na sombra de outro.
Lula pensou melhor. Desdisse o que disse e disse: “Se aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime”.
O PT jamais iria contra uma vontade do grande timoneiro. Candidato, de 15 de agosto a 17 de setembro, Lula estará em campanha em cadeia nacional da cadeia. Será a estrela do partido da estrela, com mais tempo na TV.
Pode continuar na frente das pesquisas ou até aumentar a diferença para o segundo colocado. Pode estatisticamente estar garantido no segundo turno.
O TSE vai barrar a candidatura?
Que impasse…