Evo Morales começou o primeiro mandato em 2006.
Elegeu-se para um segundo.
Em 2014, conseguiu que a Suprema Corte permitisse concorrer para o terceiro.
Pela manobra, a primeira gestão foi anterior à Constituição promulgada em 2009. Portanto, não contrariaria o artigo 168, que diz que presidentes só têm direito a uma reeleição, mudando as regras do jogo- o que é comum em democracias-palafitas apoiadas em áreas de riscos como as da América Latina (inclusive na nossa).
No fim do terceiro, decidiu que queria se candidatar a um quarto mandato, para governar o país de 2020 a 2025. Ficaria se reeleito 19 anos no poder.
Num referendo, a população dessa vez ao que tudo indica disse "basta, muchacho".
É a primeira grande derrota do primeiro presidente indígena indisposto à alternância no poder desde 2006.
Só ele não percebeu que não faz sentido quatro mandatos contra a beleza do revezamento de ideias.
A recomendação é que Morales ceda à vontade popular.
Sempre comparado à figura de um ditador populista, regente de um regime que ninguém entende direito, mas respinga até no debate da política brasileira, o "bolivarianismo", elegeu um culpado pela derrota: as redes sociais.
Redes sociais somos nós, o povo. Nós a alimentamos.
Depois da Argentina e Venezuela, a pseudo-esquerda encerra um ciclo na Bolívia.
No Peru, a filha de Fujimori lidera as intenções de voto para as eleições presidenciais do ano que vem com mais de 30 por cento.
E aqui, segundo o Ibope, 61% não votariam em Lula para presidente (contra 52% que não votariam em Serra, 42% em Marina, 44% em Aécio e 47% em Alckmin)