Marcelo Rubens Paiva
23 de setembro de 2019 | 10h58
Graças à banda larga, vivemos um renascimento do audiovisual, especialmente da TV.
Imagine quando chegar o 5G… Bye-bye TV aberta, a cabo, por assinatura. Irá para a estante de telégrafo, aparelho de fax, VHS, fita K7, filme Kodak e cartão postal.
No Emmy 2019, exibido ontem, viu-se que estrelas dessa nova TV chegam à condição de semideuses, como astros de Hollywood no passado.
Numa premiação com uma novidade: sem host (apresentador oficial).
Como em toda premiação, rolou um musical de gosto duvidoso, muita política, piadas sem graça, justiças e injustiças. Meus pitacos (daquilo a que assisti):
Flea Bag foi a grande premiada. A série da BBC-Amazon é um fenômeno. A segunda temporada é bem melhor que a primeira. Consegue colocar dor no humor.
Mas ganhar de Veep melhor série cômica? Sei não.
OK Game of Throne ganhar melhor série dramática.
Maravilhoso Peter Dinklage faturar o prêmio de melhor ator coadjuvante, apesar de nas últimas temporadas de GoT ser o primeiro nome a aparecer nos créditos. Dedicou, claro, à diversidade, e segredou que o casting era divertidíssimo nos bastidores, apesar de literalmente andar sobre fogo.
Mereceu, assim como a revelação Jason Bateman, nascida no Bronx, a malandrinha de Ozark.
Justíssimo Succession ganhar melhor roteiro.
Mas Phoebe Waller de Flea Bag ganhar de Julia Louis-Dreyfus como melhor atriz cômica? Pera lá…
A própria disse ao subir pela terceira vez, para receber um prêmio: “This is ridiculous”.
Chernobyl? Beleza. Mas This is Us merecia mais.
E o filme Brexit é bem melhor e mais relevante que o de Black Mirrror.
John Oliver é OK. Mas Seth Meyers e Colbert têm um repertório bem maior…
Sem contar o ativismo de Trevor Noah (CNN), que emocionou o mundo ao defender a comunidade em que nasceu, atacada pelo governo Trump.
Streaming é o negócio das arábias. Netflix tem em torno de 150 milhões de assinaturas no mundo, que pagam em média uma mensalidade de US$ 14.
Faturamento de 25 bi de dólares ao ano (R$ 105 bi). Para uma produtora e distribuidora de conteúdo que não precisa pagar a taxa do exibidor e distribuidor, que exibia produtos já pagos e consagrados, o petróleo brota como se uma sola de sapato furasse a areia do deserto.
Produtoras e as tech não demoraram para enxergar a oportunidade. HBO, Hulu, FOX, Disney, Amazon, Apple TV unem-se e lançam cada um à sua maneira.
Brasileiras entram no negócio, como a SP Cine e, agora, Belas Artes, tocada por André Sturm, que promete exibir aquilo de que mais se sentem falta: clássicos.
Se a Netflix Brasil tem mesmo 15 milhões de assinantes, fatura em torno de R$ 5,4 bi/ano, tá? Daria para produzir 87 episódios de Game of Throne. Por ano. Só com dinheiro brasileiro.