Marcelo Rubens Paiva
06 de dezembro de 2016 | 12h09
Ela não sabia o que era Minhocão e só conhecia aquela ruazinha com luzinhas [Avanhandava]
Ele acha a cidade um lixo vivo
Ela foi convidada para passear num domingo pelo Minhocão e recusou
Ele acha a cracolândia um inferno, um filme de horror: zumbilândia
Acha pancadão da periferia um aglutinamento de viciados, degenerados
Acha rolezinho um trenzinho de massa de manobra do PCC
Ela anda de SUV Porsche blindado por bairros delimitados
Ele administrará a grande cidade em que todos vivemos e amamos
Que tem problemas gigantes
Quer entregar parques e o autódromo a empresas
E agora pensou em cercar a Virada Cultural
Durou nem 24 horas sua proposta. Voltaram atrás.
Porque ela foi criada para ocuparmos a cidade
Recuperarmos o espaço urbano perdido para o crack, a violência, o medo, os zumbis
Como as ciclovias
Programas oficiais foram criados para recuperarmos a cidade perdida e abandonada
Mas o Funk SP, o pancadão oficial, foi esvaziado.
Assim como o Rolezinho da Cidadania
Orçamentos reduzidos
Ele acha que “qualquer parte da cidade, qualquer área que você isole, a cidade é um lixo, é um lixo vivo, parece um filme escabroso”
Nós adoramos São Paulo
Eu adoro andar de metrô, de ônibus, pelo centro, conversar com moradores de rua
Tenho medo de noia, da cracolândia, evito, mas queria resolver, não esconder
Eles são vítimas de uma sociedade desigual
Não adianta nada se afastar deles
Melhor integrá-los
Abraçá-los
Assumi-los
Volta a Virada ao centro [projeto do próprio PSDB]
Não cerquem praças, arranquem as grades [Matarazzo propunha uma cidade sem grades]
A cidade não tem dono
A cidade é de todos, para todos, pelo todo
Não se trata dos problemas fugindo deles