Darren Aronofsky em Mãe, com Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris e Michelle Pfeiffer, ainda está sub judice.
Cannes vaiou. A crítica se divide. O público vai ver; está entre as maiores bilheterias nos cinemas.
Aronofsky é daqueles que não abre mão do humor para abordar grandes dramas.
Não poderia ser diferente em Mãe.
Fui preparado para ver um filme de medo. Tem truques para assustar a plateia, como aparições de surpresa.
Mas ri em grande parte do filme. Gargalhei no final.
Sou agnóstico e entendi a ironia com a necessidade de se criar religiões, acreditar em algo, ter messias e cometer antropofagia com a carne do salvador (comemos o corpo de Cristo em rituais cristãos).
Terence Malik contou a história da vida em Árvore da Vida, do Big Bang à constituição da família, da criação da moral invisível como força para manutenção de poder.
Alexander Sukorov contou a história da Rússia em Arca Russa através de um plano sequência único num museu.
Aronofsky decide contar a história da maternidade da civilização judaico-cristã por alegorias.
Uma casa é construída onde antes havia o nada.
Um poeta em busca da perfeição seria o profeta que, com suas palavras, seduz, mobiliza e indica um sentido para a vida.
Pronta a escrita, cultos e religiões surgem para ganhar adeptos e seguidores.
Que não abrem mão da violência, guerras e terrorismo, para se firmar.
Altares e rituais são criados.
Muitos disputam a casa do criador, querem um pedaço dela (como em Jerusalém).
Nada é de ninguém, todos são filhos de uma mesma fé: a mensagem que unifica.
Até nascer um messias, cuja vida (morte) nos é doada em sacrifício como lição.
Por fim, um apocalipse é anunciado, já que povos não se entendem e deturpam as palavras do senhor.
Aterrorizante.
Brilhante.