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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Lula da prisão para o 'New York Times'

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Atualização:

 

A página Op-Ed do jornal The New York Times é talvez o espaço mais nobre e de maior repercussão do jornalismo mundial.

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Op de "opinion" (opinião), Ed de editorial.

Numa coluna enviada da prisão, como faz questão de ressaltar o jornal no abre do texto, Lula afirma que, há 16 anos, o Brasil estava em crise, com um futuro incerto.

Nela, o ex-presidente brasileiro e candidato do PT afirma hoje, 14 de agosto, que o Brasil vive um golpe da extrema-direita, fala dos avanços do seu governo e lembra até o desastroso PowerPoint do MP, para apresentá-lo como líder do esquema de corrupção.

Reafirma a sua condição de candidato, e que sua prisão é um meio de impedir que o PT de vença.

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"Nossos sonhos de se desenvolver em um dos países mais prósperos e democráticos do mundo pareciam ameaçados. A ideia de que um dia nossos cidadãos poderiam desfrutar dos padrões de vida confortáveis dos nossos colegas da Europa ou de outras democracias ocidentais parecia estar desaparecendo. Menos de duas décadas depois do fim da ditadura, algumas feridas daquele período ainda estavam abertas."

Lula exalta algumas das suas ações junto com o PT: ofereceu esperança, como o primeiro líder sindical eleito presidente do Brasil. Exalta o seu mandato. Não cita dados do de Dilma.

"Inicialmente, os mercados foram abalados, mas o crescimento econômico que se seguiu os tranquilizou. os governos do PT conseguiram reduzir a pobreza em mais da metade em apenas oito anos. Nos meus dois mandatos, o salário mínimo aumentou 50%. O Bolsa Família, programa que auxiliou famílias pobres ao mesmo tempo em que garantiu que as crianças recebessem educação de qualidade, ganhou renome internacional. Nós provamos que combater a pobreza era uma boa política econômica."

Lula então afirma que o progresso foi interrompido não pelas urnas, mas que a presidenta sofreu impeachment e foi destituída do cargo por uma ação que até mesmo seus oponentes admitiram não ser um crime.

Conta que foi mandado para a prisão, depois de um "julgamento duvidoso" sobre acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. E fala que um golpe impede o PT de ser novamente alçado à Presidência.

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"Com todas as pesquisas mostrando que eu venceria facilmente as eleições de outubro, a extrema direita do Brasil está tentando me tirar da disputa. Minha condenação e prisão são baseadas somente no testemunho de uma testemunha cuja própria sentença foi reduzida em troca do que ele disse contra mim. Em outras palavras, era do seu interesse pessoal dizer às autoridades o que elas queriam ouvir."

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Lula acusa o juiz Sérgio Moro e promotores: "Recorreram a gravações e vazamentos de conversas telefônicas particulares que tive com minha família e meu advogado, incluindo uma conversa ilegal. Criaram um PowerPoint ao me prenderem e me acusaram de ser o mentor de um vasto esquema de corrupção."

Depois de lembrar que não teme a prisão, em que já esteve durante a ditadura, quando "defendia os interesses dos trabalhadores", finaliza:

"Eu não peço para estar acima da lei, mas sim um julgamento justo e imparcial. Essas forças de direita me condenaram, me prenderam, ignoraram a grande evidência da minha inocência e me negaram o habeas corpus apenas para tentar me impedir de concorrer à Presidência. Eu peço respeito à democracia. Se eles querem me derrotar de verdade, façam nas eleições. Segundo a Constituição brasileira, o poder vem do povo, que elege seus representantes. Então deixe o povo brasileiro decidir. Eu tenho fé que a justiça prevalecerá, mas o tempo está correndo contra a democracia."

Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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