Aqui em Londres a primavera dá as caras: sol com pouco de frio
E os parques continuam os mais bem cuidados da Europa.
Inglês tem tara por jardinagem. São experts...
Até aparelhos de ginástica para cadeirantes instalaram.
Vou ter que deixar a preguiça de lado e dar uma trabalhada nos bíceps, tríceps, deltoides...
Nada disso, meu caro.
Esse parque aí é no coração de São Paulo.
Construído sobre o antigo complexo Casa de Detenção, ou CARANDIRU.
É o PARQUE DA JUVENTUDE, enorme, arborizado, que na entrada tem uma biblioteca sem bibliotecários [o usuário passeia pelas estantes] e uma escola pública de música.
Pelo parque, a molecada toca xilofone, metais, percussão. Tem gente que dança.
O parque vive vazio. O estigma do massacre no presídio afasta as pessoas.
E tem uma estação de metrô na porta.
A energia negativa dos 111 mortos cria fantasmas e fantasias, como a do taxista que me levou, que disse que naquela calçada da entrada escorria sangue.
Na verdade, o PAVILHÃO em que ocorreu o massacre ficava do outro lado, a mais de 1 quilômetro da entrada.
Pessoas acham que o parque está acomodado sobre ruínas e escombros. Que nada. Surpreende a mata fechada, os corredores de terra, a vegetação que pegou.
Só lamento não terem deixado um pavilhão em pé, e nele, um museu.
Era incrível ver as escadas gastas do sobe-e-desce frenético de presos anônimos e notórios.
Muitos amigos meus, pegos com maconha, na década de 1970, ficavam presos nele.
Naquela época, uma ponta dava cana. Entulho da ditadura.