O show de Caetano numa ocupação do MTST em São Bernardo do Campo estava marcado para ontem às 19h.
Horas antes, a juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública de São Bernardo atendeu ao pedido do MP.
Proibiu o show e estabeleceu uma multa de R$ 500 mil: "Fica deferida ordem policial, caso necessário".
Disse no despacho que o talento do compositor poderia atrair "muitas pessoas para o local, o que certamente colocaria em risco estas mesmas, porque não há estrutura para shows, ainda mais, de artista tão querido pelo público, por interpretar canções lindíssimas, com voz inigualável".
O nome de Ida Inês soou familiar.
A mesma fora acusada de ligações com o PCC há dez anos.
Uma matéria do Estadão, de 22 de junho de 2007, assinada por Fabiane Leite, diz que a juíza, então na 2ª Vara de Mauá, cidade também do ABC, fora afastada por desembargadores do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de SP por tempo indeterminado.
Ela fora flagrada pelo Ministério Público em escutas telefônicas de uma investigação sobre uma quadrilha acusada de usar postos de gasolina e revendedoras de veículos para lavar dinheiro do PCC.
A juíza dava instruções a Sidnei Garcia sobre a impugnação da filha do prefeito, Vanessa Damo.
E mostrava uma intimidade suspeita, o chamava por apelidos e fazia piadinhas.
Garcia era vice-presidente da Associação Comercial da cidade e dono de um posto investigado por pertencer ao PCC, o Petromix, na Avenida João Ramalho.
Foi acusado de ser testa de ferro da organização criminosa e compor um grupo para lavar dinheiro para o PCC.
O TJ também, ao anunciar no Diário Oficial que Ida Inês ficaria fora das funções até o fim das investigações, decretou segredo de Justiça.
Em entrevista ao Estadão, ela disse que Garcia era seu amigo antigo.
Também afirmou desconhecer seus negócios.
Segundo matéria da Folha de S. Paulo, Inês era tratada nos grampos como "My Love" por Garcia.
Numa gravação, ela ironizou: "Ei...Eu podia estar matando, roubando, me prostituindo. Estou me arrumando".
Caetano falou com jornalistas e criticou a decisão da Justiça.
"Eu não sou técnico em processos legais, não posso julgar. Eu me sinto mal, dá a impressão de que não é um ambiente propriamente democrático", disse. "É um modo de reprimir uma ação que seria legítima."
E cantou Gente, a música que cantaria no palco.
Cujo refrão mais conhecido é:
Gente é pra brilhar,
Não pra morrer de fome