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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Jonathan Franzen lança enfim seu novo romance

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Atualização:

 

Para mim e para muitos, JONATHAN FRANZEN é o melhor e mais completo autor americano vivo.

Lança enfim nos EUA seu novo romance, PURITY [Pureza], pela Farrar, Straus and Giroux.

Na vida real, é um chato de galocha. Tímido, implicante e mal-humorado, nega ser um misantropo, mas é, e aparenta gostar mais de pássaros.

Decepcionou quanto veio à FLIP. Fez uma palestra boba, não circulou, nem falou com ninguém.

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Foi grosso com Ivan Finotti, da Folha, que o entrevistou em sua residência em Nova York.

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É acusado de elitista, intolerante e até sexista, o que eu acho uma bobagem, já que seu forte é justamente o numeroso repertório de personagens femininas.

Para o The Guardian, que o entrevistou agora em San Diego, Califórnia, onde agora mora com a mulher, a editora Kathryn Chetkovich, numa mansão com vista para o Pacífico, confirmou que detesta internet e mídias sociais e não gosta de ser enquadrado em nenhum estilo geracional.

É um romancista de primeira, criador de grandes personagens e tramas sempre em torno de uma família complexa, como todas. Política, discussão ambiental, humor, debate sobre a decadência do sonho americano [e da classe média] e tecnologia são temas recorrentes.

Dos mais conhecidos, é difícil saber qual é o melhor: CORREÇÕES ou LIBERDADE, tijolos de mais de 500 páginas com a mesma curva dramática. Quem lê um lê o outro.

PURITY tem 563 páginas [a US$ 28].

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A história passa pela Queda do Muro de Berlim, tem arquivos da Stasi roubados e uma ogiva termonuclear que falta no Texas.

Tem como protagonista uma garota de 20 anos da Califórnia, Pip, que busca por seu pai, que Andreas Wolf, uma espécie de Julian Assange, fica louco para contratar para trabalhar com ele na América do Sul.

Andreas, um alemão do Leste, provocador e sedutor, foge das autoridades e se escala como cabeça do Sunlight Project, um tipo de WikiLeaks, com o que ganha fama internacional.

PURITY continua centrado em famílias disfuncionais e em crise.

Traça um retrato engraçado de um escritor, Charles, que faz de tudo para estar no primeiro time da moderna literatura e acredita ter potencial para escrever outro O Som e a Fúria [Faulkner] ou O Sol Também se Levanta [Hemingway]. Ele vive com Leila Helou, ganhadora do Pulitzer, repórter dentro de um triângulo amoroso, que trata Pip como sua "protégée".

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O The New York Times chamou de "dynamic new novel": Certamente, há uma abundância de personagens fracionados ??em PURITY, que contêm a características de pessoas em famílias nocivas como nos livros anteriores, além de raiva, alta octanagem de inveja, lotes de narcisismo agressivo e sarcasmo.

Louco pra ler.

Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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