EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Facilitar pra quê?

Uma nova tomada se torna obrigatória no Brasil.

PUBLICIDADE

Atualização:

Por questões de segurança, diz a Associação Brasileira de Normas Técnicas [ABNT], que criou junto com o Inmetro o modelo de 3 pinos aterrados em baixo relevo de 8 a 12 milímetros, em formato de hexágono, onde será encaixado o plugue.

Os fabricantes têm até janeiro de 2010 para se adaptarem aos novos padrões.

Os técnicos dizem que este formato geométrico evitará os choques. Choques? Nunca tomei um choque por causa de uma tomada.

PUBLICIDADE

Não está em curso mais um grande estelionato ao bolso do consumidor brasileiro?

O caso lembra o do Kit Primeiros Socorros, que todos os motoristas foram obrigados a comprar em dias, e se revelou ser ineficiente.

Publicidade

No mais, ao invés de copiar um padrão já existente, como o americano, a que todos nós somos familiarizados, já que até os computadores nacionais têm a saída de 3 pino do padrão ianque, ou o europeu, também em baixo relevo, mas redondo, escolherem um novo, diferente. Mais um. Síndrome de protecionismo.

E é sempre assim. Para não nos sentirmos colonizados, criamos padrões, complexo de país grande. A ditadura inventou o padrão PAL M, que só há no Brasil, para TV em cores, enquanto a América usava o NTSC, e a Alemanha o PAL, sem o M.

Nossos vídeos cassetes eram em PAL-M, e dava uma trabalheira para incluirmos outros sistemas e assistirmos a vídeos importados. Através de nossos DVDs não assistimos a filmes europeus e americanos, precisamos adaptá-los.

Mundo globalizado? A discussão sobre o padrão da TV digital durou anos, japoneses e americanos disputavam, decidiu-se aos 45 minutos do segundo tempo que inventaríamos um padrão único e próprio.

Com o fim do monopólio da Embratel e a privatização da telefonia, inventou-se um sistema complicado, que nenhuma avó ainda entendeu, que atrapalha as ligações interubano por celulares e a operação dos aparelhos, que dá um nó em todos, o kafkiano e indigesto "zero + operadora + código da cidade", ou o padronizado pela imprensa, 0/XX/código, algo que só existe no Brasil.

Publicidade

Agora, as tomadas! Dei um role pela minha casa. Encontrei apenas um plugue que se encaixaria na nova tomada, o de um abajur. A maioria é americano.

E os americanos não se encaixam na nova tomada brasileira. Ninguém pensou em facilitar?

Lá vamos nós atrás de benjamins, extensões, adaptadores para a nova realidade. Tem muita gente que vai faturar alto por causa dessa mudança. E ao viajarmos teremos que sair com uma mala extra de adaptadores.

Obrigado ABNT.

+++

Publicidade

Ontem, o ministro da Justiça, Tasso Genro, se reuniu enfim com o governador do Rio de Janeiro, para falar da violência na cidade. Dez dias depois que começou a guerra no Morro dos Macacos. Quanta agilidade...

Opinião por Marcelo Rubens Paiva
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.