Mário já é meu brother. Companheiro, passa o dia ao meu lado. Deita-se entre o teclado e o mouse, ataca a impressora, quando ela cospe papéis, desenrola o papel higiênico, quer comer da minha comida. Quando me deito, ele se deita na minha cadeira de rodas. É da casa.
A menina Margô continua arredia. Eu chego, ela some. Chamo, não vem. Em alguns dias, não a vejo. Sempre escondida, tímida, temerosa. Ás vezes, tento fazer carinhos. Ela me morde e se manda. Já a encontrei escondida no meu armário. Examinando as minhas roupas.
Ela gosta de roupas. Ele, de futebol pela TV. Acompanha a bola sem desgrudar os olhos. Só pode ser corintiano. Pois ontem, Palmeiras versus São Caetano, ele torceu contra, arranhou a tela, esperou o apito final.
As novas HDTV são realistas demais. Animais de estimação irão, como nós, passar parte das 7 vidas diante de uma, quer apostar?
Numa noite, adormeci com a TV ligada. Quando acordei, vi Margô no canto da cama, com os olhos fixos no aparelho. Assistia à novela. Juro.
Alguém as entende? Eu não.