A Escola das Américas, antigo centro de treinamento de tortura no Panamá mantido pelos EUA, que durou até meados dos anos 1980, virou agora o Meliá Panamá Canal, hotel cinco estrelas comercializado por uma cadeia espanhola:
http://pt.melia.com/hoteis/panama/colon/melia-panama-canal/home.htm
Segundo descreve o site do hotel, cuja diária gira em torno de R$ 200:
"A Antiga Escola das Américas se transformou em um hotel 5 Estrelas, o Hotel Meliá Panamá Canal, oferecendo elegância e conforto em suas instalações. Este hotel em Colón se encontra às margens do Lago Gatún e a apenas 10 minutos da Zona Livre de Colón. O Meliá Panamá Canal conta com o cenário perfeito para o desenvolvimento de atividades como: tours de aventura em lugares históricos e turísticos; ecoturismo; passeios de bicicleta, canopy, caminhadas ecológicas ou senderismo, onde você poderá observar a exuberante e diversa flora e fauna do entorno de nosso hotel em Colón, passeios em Catamaranes pelas tranquilas águas do Lago Gatún, pesca esportiva, passeios guiados pelo lago em motos de água ou de bote, o primeiro Golf Driving Range sobre a Água no Panamá, compras, praias do Caribe e muito mais. Venha comprovar com seus próprios olhos que o Paraíso existe no Hotel Meliá Panamá Canal!"
Escola das Américas era gerenciado pelo Pentágono para treinar oficiais aliados e anticomunistas e manter firme o continente sob seu domínio, numa América Latina envolta em turbulência social e guerras de guerrilha.
O senador democrata Martin Meehan, de Massachusetts, disse uma vez: "Se a Escola das Américas decidisse celebrar uma reunião de ex-alunos, reuniria alguns dos mais infames e notórios malfeitores do hemisfério".
A junta argentina do general Leopoldo Galtieri, os presidentes e ditadores tais como Roberto Viola, o boliviano Hugo Banzer, Rios Montt da Guatemala, Augusto Pinochet e o ditador equatoriano Rodríguez Lara estão entre os graduados.
O complexo perto da cidade portuária de Colon foi cunhado pelo jornal panamenho Prensa de "Escuela de Asesinos".
General Roberto D'Aubuisson de El Salvador, cujos esquadrões assassinaram o arcebispo Oscar Romero, Manuel Noriega, generais do Paraguai e Chile, assim como muitos brasileiros, passaram por ela.
Na lista de oficiais brasileiros, estão o Major Bismarck Baracuhe Amancio Ramalho, Capitão Thaumaturgo Sotero Vaz, Capitão Wilson Benito Machado e o Coronel João Paulo Moreira Burnier, acusado de ser um dos chefes da tortura no RJ.
Burnier foi seu aluno entre 21 de agosto e 7 de dezembro de 1967.
Lista completa, no site:
Ao todo, milhares de militares de 23 países passaram pela Escuela de las Américas.
Manuais ensinavam técnicas de interrogatório, tortura, execuções simuladas.
"A Escuela de las Américas era um bastião dos Estados Unidos", lembra José Miguel Guerra, um dos mais prestigiados jornalistas no Panamá, para o jornal suíço Neue Zürcher Zeitung. "Aqui, os militares de toda a América Latina, com exceção de Cuba, eram doutrinados pelo Pentágono para ter o controle político sobre seus países."
O prédio começou como hospital no começo do século passado, onde trabalhadores da construção do Canal do Panamá recebiam tratamento médico. A partir de 1946, passou a ser controlado pelos EUA como Fort Gulick.
O novo proprietário do hotel, Barceló Damián, concebeu para simbolizar a nova era um mosaico na entrada do hotel com os dizeres "Et in terra pax".