Agora é oficial.
Casal gay da novela Insensato Coração, Eduardo [Rodrigo Andrade] e Hugo [Marcos Damigo], foram para o armário.
E o esperado primeiro beijo gay da GLOBO não vai rolar.
Cenas já gravadas não vão mais pro ar.
E fim de papo.
De nada adiantou a militância dos autores da novela, Gilberto Braga e Ricardo Linhares, que fizeram de Insensato um palaque em defesa da causa, denunciando a homofobia e ironizando o seu discurso, inclusive mostrando a violência contra gays.
Os atores em torno do núcleo do quiosque com arco-íris e cata-ventos estão inconformados.
Ordem para encerrar o assunto veio de cúpula.
Para quem não sabe: desde que foi anunciada a novela, falava-se de 1 forte romance protagonizado por 1 jovem, Eduardo, que se descobriria homossexual após as investidas de um professor de direito, Hugo.
Os personagens fugiriam dos estereótipos "gay Zorra Total".
A "bichinha" de outrora.
E assim foi.
Não são afetados, afeminados.
Não desmunhecam, nem rebolam.
Hugo joga futevoley na praia.
O outro até há pouco namorava uma mina.
Enfim, bofes gays como conhecemos [e não macaquizados por programas humorísticos].
Durante a novela, o jovem Eduardo se viu completamente surpreso quando descobriu atraído por outro homem.
Viveu muita angústia diante do dilema.
Conflito bom.
A trama caminhou a passos de tartaruga.
Até enfim ele se deixar levar e abraçar a nova opção sexual
Abraçar, numas.
O casal começou a "namorar" sem namorar.
Não se encostavam, nada de carinhos.
Beijo então...
Esquisito.
Um dizia "eu te amo" para o outro do lado oposto da sala.
Sorriam e...
Cortavam para os comerciais.
Agora imaginamos a pressão que rolava nos estúdios do Projac.
O que levou a emissora a tesourar a trama?
1. Conquistar o público evangélico, que migra para outras emissoras mais dedicadas a ele?
2. Acatar pressões da Igreja?
3. Aceitar que na ex-camada D, que virou C e para a qual os meios de comunicação se dedicam, o tema ainda gera desconforto?
Só a cúpula deve saber.
Outro paradoxo entre tantos que pesará nas costas da GLOBO.
Cuja teledramaturgia sempre esteve na vanguarda ao mexer com temas e tabus que incomodam o Estado semi laico, o verdadeiro dono da concessão.